O que
faz o poeta nesse tempo de homens sem rosto, de corações vazios e desesperados,
de silêncios mal resolvidos e ameaçadores, de incertezas, de estranhos
desnudares de violências e inconstâncias?
O que
faz o poeta em meio aos salões de falsas alegrias, nessa ausência insana de
mistério e continuidade dos ternos sentimentos, das grandes alegorias, do
presépio da esperança e da simplicidade?
esse poeta que só escreve palavras registra
fatos
aprende reaprende vozes olhares ódios invejas
de seres pequenos em pequenos desejos
O que
faz essa sensibilidade que se surpreende de contextos que não o contém,
que se
levanta a cada dia pra o constante arrombamento do que o humano guardou
como imagem,
mistério e paradigma de deuses e bichos, biombos nesses caminhos paralelos que
ao se intercruzarem nos deixam a todos sem nexo, sem vozes, sem atos?
poetas que poetas somos no paraíso ou
na agonia
sempre filhos da mesma poesia
origem que formula a indagação da própria
poesia
que imprime e comprime e irrompe
na poesia
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