domingo, 16 de setembro de 2012

1

Apologia da inacção : As Mãos




Apologia da inacção

O meu cérebro é pilhado, diariamente, pelas minhas mãos que, incompetentes, não levam mais do que sombras das palavras. 

Mãos:









Há mãos assim, calejadas pela sabedoria, abertas e marcadas pelo tempo.
A mão antiga é tapada pela nova, ignorante e surpreendida por demasiada informação.
Nas mãos engelhadas, o tempo escorre em cada vinco aberto pela aprendizagem dura, extensa e constante.
As mãos novas pouco ou nada sabem, porque as mãos velhas oferecem sem serem recebidas.
As mãos...






Vê-se nas mãos o coração do Homem e a transitividade da sua vontade.
É sobre elas que o tempo repousa, os filhos se aninham e o respeito se beija.
É nas mãos que mora a dádiva e é nelas que o pedido se liberta. É sobre elas que o orvalho da vontade floresce ou se desvanece.
As mãos.






1 Comentário

Jorge Xerxes

Mário,

Belíssimo e Tocante!

"Nas mãos engelhadas, o tempo escorre em cada vinco aberto pela aprendizagem dura, extensa e constante."

"Vê-se nas mãos o coração do Homem e a transitividade da sua vontade."

Um Grande Abraço! Jorge