sábado, 8 de setembro de 2012

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Pequenas histórias 16

 


 
 
 
 
 
 
                                                               É primavera amor

... é primavera amor, vamos sair nesse vento frio, molharmos nossos sentimentos na garoa que nessa manhã cai lentamente sobre a cidade, vamos não tenha medo, pois é primavera, então, o que acha, depois tomamos aquele sorvete gostoso na Avenida Paulista, sentado num dos bancos do Parque Trianon e apreciaremos as figurinhas que transitam em suas caças famintos de sexo vendido entre os galhos da vida sem pudor e sem preconceito, vamos, espero você se aprontar, sem pressa, temos nossas vidas que se estende longa a nossa frente, não precisa ter medo, ah! tem medo de ser paquerada, olha, um conselho, aceite a paquera, isso mesmo aceita, se te olharem olhe também, se te piscarem pisca também, se vierem falar com você, converse, ouça o que eles têm para lhe dizer, mas não aceite convite nenhum, pois eles vão roubar o teu desejo saciando os desejos deles, entende, sei que você não é disso, se lhe dou esses conselhos é para que conheça uma parte da vida que muitos não conhecem, sabia que conhecimento é riqueza, portanto acho que todos deveriam conhecer numa boa, sem preconceito, sem asco, sem nojo, afinal somos todos adultos, vacinados, responsável por seus próprios atos, não é mesmo...
... oi, tudo bem, você vem sempre aqui, é a primeira vez, sabe que você é tremendamente bonita, uma gracinha, é sim, garotas do seu tipo me deixa louca, me deixa molhadinha, quer ver, ponha a mão, que isso, não precisa se envergonhar, é a coisa mais natural do mundo, olha, veja ali, aquelas duas se beijando, ah não seja ingênua, são duas garotas, ih credo, você não é nenhuma baranga, então, veja, coloca a mão, deixa de ser burguesa, isso, hum que mão quente, gostosa, o que é, porque todo esse espanto, ah não conhecia, o menina o que esta fazendo aqui, claro, sou travesti, e dos bons, viu, o que, seu namorado que te trouxe aqui, eu vi que estava acompanhado, é seu namorado, nossa que aliança bonita, sabe vou contar um segredo, sim, tenho segredo sim, ou pensa que você é que tem segredo, conheço o seu namorado, conheço sim, ah ele veio com essa lorota para cima de você, foi a mesma coisa comigo, prometeu um mundo e só o que me deu foi o documento dele dentro de mim várias vezes, filha da puta, te deu uma aliança e para mim nada, um dia ele me paga, se ele é gay, claro, agora me diz porque vocês estão aqui, olha, tudo bem, não se zanga, gostei de você, se topar um dia, quem sabe, vou indo, olha ele vem vindo, tchau, espero vê-la novamente, um beijo gracinha...
... filha da puta, ah esta estranhando eu falar palavrão, digo de novo, filha da puta, veado, gay, isso mesmo, você é um gay, como eu sei, ela me contou, sim aquela ou aquele, não sei, travesti, me paquerou, me cantou, fiquei sim excitada, mas não sou disso, ela ou ele, que merda, disse o que você fez com ... ela... ele, e a enganou, você transou com ela, seu merda, não quero mais saber de você, suma da minha vida, nojento, puto, vou vomitar, argh! deixar de ser preconceituosa, sou mesma, e porque, porque existe pessoas como você que não sabe o que quer, se entrega ao primeiro desejo que a cabeça... olha suma, me enganou, não quero mais vê-lo, e pensar que sonhei em casar com você, já imaginou, depois de casada, descobrir que meu marido transa com um travesti, o que ele quer com isso, nem quero pensar, suma da minha vida filha da puta...
... no dia seguinte, quem passasse na banca leria a seguinte noticia nas primeiras páginas do jornal: “mais um travesti assassinado brutalmente nas imediações do Parque Trianon, a polícia se horrorizou com tamanha brutalidade, seviciada o travesti foi violentada, em seguida teve seus órgãos genitais arrancado com os dentes, pois com a averiguação pós autópsia, foi constado que o assassino não usou instrumento nenhum para tamanha atrocidade, a polícia investiga, até o momento não há nenhum suspeito...
... assim, mais um assassinato arquivado sem solução...


pastorelli






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