terça-feira, 4 de setembro de 2012

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poema dezassete de "hierofania dos dedos"


(fotografia de ajsa, retirada deste site)

17.

lá longe, uma cidade de barro
é apenas uma outra cidade -
cidade sem portas e janelas,
postigos de madeira que desalmam
a carícia dos homens sem corpo.

nada vive nos homens que não
seja escrito pelo cordão matricial
da carne - a vida é apenas o
ajuntamento dos pássaros na cidade
branca, com homens de barro a dormir
e a jurar solenemente pelo deus
das flores.

o teu sorriso é todo o meu alentejo
e a tua voz de barro é apenas minha
- a saliva de pele a crescer no
trabalho ancestral do oleiro.

Jorge Vicente

2 comentários

Fábio de Souza

ótimo!

jorge vicente

Caro Fábio,

muito e muito obrigado!

Muitos abraços para ti!
Jorge Vicente