Deixei
o jornal cair sem interesse e fui em busca de um barco que me levasse até o
continente. Fretei o barco, paguei em dinheiro e segui olhando o céu azul,
pedindo a Deus que me perdoasse pelos males que indiretamente houvesse causado,
e olhando as nuvens pedi a Ele que me desse um sinal se havia perdão para mim.
Chegamos até o cais onde estavam centenas de barcos e iates ancorados. Fui até
a cidade e entrei em uma loja para comprar roupas novas, porque as minhas
estavam em petição de miséria. Hospedei-me em um hotel, registrei-me com meu
nome verdadeiro, porque na vida com meu patrão tinha vários nomes, nunca usava
o nome que recebi no batismo. Fiquei nesse hotel por duas semanas. Nesse tempo,
voltei à ilha para buscar o corpo de meu patrão. Precisava enterrá-lo em um
lugar decente. Com a ajuda de uma empresa que não fazia perguntas se pagassem
bem, trouxe seu corpo dentro de um caixão de luxo, e o enterramos naquela
cidade mesmo. Achei que o mais importante era não deixá-lo lá nas rochas. A
cidade onde ficasse enterrado não era tão importante. Depois disso fiquei no
quarto do hotel ruminando no que deveria fazer, e esperando uma resposta de
Deus se havia perdão para meus pecados.
Então,
em uma manhã saí para a praia e fiquei olhando os navios que saíam de um porto
ali perto. Tive a sensação que deveria ir para algum lugar. Que lugar era esse?
Então me lembrei de meu patrão dizer antes de morrer, que deveria ir à Suíça,
pois lá tinha muito dinheiro que era meu. Tirei a carteira do bolso e procurei
o papel que ele me havia entregado na escada onde morria. O papel tinha o nome
de uma cidade, o nome do banco, um número de conta. Uma anotação em espanhol
dizia: "Apresentar esse junto com seus documentos verdadeiros".
Voltei para o hotel, comi alguma coisa, subi para o quarto onde fiquei pensando
que rumo tomar. Na melhor das hipóteses, pegaria o dinheiro e doaria a alguém que
precisasse. Então decidi: iria à Suíça.
Como imaginei tudo estava muito bem
arranjado pelo meu patrão. Cheguei ao banco, fiz a transferência do dinheiro
para uma agência bancária no Pará, e aproveitei para conhecer alguns países da
Europa. Fiquei por lá dois meses.
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