segunda-feira, 1 de outubro de 2012

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Da natureza dos gatos


O que mais parece um gato , é o esforço para descrever a leveza de sua consciência e a velocidade de sua determinação ,felina e breve . Abominar a mão que o afaga e partir célere, sem adeus,  sabendo que um adeus talvez seja demais e não querendo voltar e repeti-lo, simplesmente vai, sobre os muros e parques, sem consciência de sua natureza andarilha e selvagem,apenas vai andarilho selvagem, lépido, disfarçado de criatura doméstica e domada , sem domus e sem dono , sempre igual a si mesmo, num passo cauteloso ; em frente ao desconhecido, simplesmente contorna-o , até mesmo quando não der para contornar com tudo de felino de sua natureza .
Mão materna , paterna ,apenas amiga ,pouco importa , um carinho é apenas um carinho , nada além de carinho e o mundo é muito grande ou nós outros, muito pequenos ,de repente monocórdios em nossa afeição de humanos , desnaturados do que não é gato,contempladores inertes de vidraças embaçadas de felina ignorância .





2 comentários

Marcelo Pirajá Sguassábia

Excepcional retrato, tão selvagem quanto doméstico, sobre a misteriosa natureza dos gatos. Destaco a expressão "desnaturados do que não é gato". Um achado. Abraços, André.

andre albuquerque

Marcelo: difícil falar de um enigma sobre quatro patas sem felinear pela vida; lembrei de um gato que reinou durante anos na casa de minha mãe e sem mais nem menos, "puxou o carro",rs,rs.Grato pelo olhar e valioso comentário;forte abraço.