O que mais
parece um gato , é o esforço para descrever a leveza de sua consciência e a
velocidade de sua determinação ,felina e breve . Abominar a mão que o afaga e
partir célere, sem adeus, sabendo que um adeus talvez seja demais e não
querendo voltar e repeti-lo, simplesmente vai, sobre os muros e parques, sem
consciência de sua natureza andarilha e selvagem,apenas vai andarilho selvagem,
lépido, disfarçado de criatura doméstica e domada , sem domus e sem dono ,
sempre igual a si mesmo, num passo cauteloso ; em frente ao desconhecido,
simplesmente contorna-o , até mesmo quando não der para contornar com tudo de
felino de sua natureza .
Mão materna ,
paterna ,apenas amiga ,pouco importa , um carinho é apenas um carinho , nada
além de carinho e o mundo é muito grande ou nós outros, muito pequenos ,de
repente monocórdios em nossa afeição de humanos , desnaturados do que não é
gato,contempladores
inertes de vidraças embaçadas de felina ignorância .
2 comentários
Excepcional retrato, tão selvagem quanto doméstico, sobre a misteriosa natureza dos gatos. Destaco a expressão "desnaturados do que não é gato". Um achado. Abraços, André.
Marcelo: difícil falar de um enigma sobre quatro patas sem felinear pela vida; lembrei de um gato que reinou durante anos na casa de minha mãe e sem mais nem menos, "puxou o carro",rs,rs.Grato pelo olhar e valioso comentário;forte abraço.
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