No
pesadelo da noite anterior eu morria nessas paragens. Velho e só, feito agora. Uma
tarde igual a essa, quente e de brisa nenhuma, o ar como que estagnado. Um mal
que me acometia num desses repentes. Me levava até a última memória. E lá
ficava eu, oco por dentro, minguando sob aquele deserto todo, azul e ofuscante,
qual esse que já me assola o juízo. Piso o cimento, ensaio palavras numa língua
que mal sinto o gosto. Tarde de domingo, acho. Caminho a passos omissos. A
estação rodoviária deserta. Penso se chegaria ao fim de tudo. Esqueço o
propósito de minha viagem até ali. Deixo de buscar o endereço horas depois,
mais ou menos quando me perdi. Mais ou menos nesse instante, quando resolvi
entregar os pontos e ceder. Sim, mais ou menos aí, quando eu já não tinha mais
forças para exigir coisa alguma de minha vida àquela altura. De modo que
sentei. O banco de pedra de meu pesadelo. E esperei, sobre o dorso das horas.
Esperei que algo me ocorresse. Uma puta dor no peito...
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