quarta-feira, 7 de novembro de 2012

0

Pequenas histórias 29

 
 
 
 
 
 
 
 
Há uma imensidão

Há uma imensidão branca a espera de palavras, no entanto, há também um vazio cheio de indignação e dúvida quanto à qualidade das palavras que são escritas nessa branca imensidão. Às vezes as palavras lambem de leve o conteúdo da expressividade sem que sejam compreendidas. A palavra nunca é
a fala e, muito menos, é a escrita, e muito menos ainda, transmitem sentimento, ou experiência, seja ela mística, existencial, física ou extra física seja lá o que venha ser isso. Nunca será aquilo que lemos, pois o que lemos haverá, conforme a pessoa, várias interpretações. Isto porque, a palavra é símbolo criado pelo homem para se comunicar.
Que saudades da Guerra do fogo, quando nossos antepassados grunhiam, não usavam a palavra. Hoje em dia a palavra jorra aos borbotões sem expressividade, sem consistência, apenas para orgulho de uns, para engrandecimento de outros e, para o empobrecimento da humanidade. Hoje não há uma palavra significativamente que diga o que ela realmente quer dizer.
Usa-se muito a palavra e nada se diz. A palavra para ser efetivamente palavra, é necessário que transcenda ela própria. Deixe de ser apenas palavra. Poucos escritores conseguem transcender-se a própria palavra. Clarice Lispector, Faulkner, Henry James, são alguns.
Numa certa época procurei saber como era o processo criativo de vários escritores, hoje isso não me preocupa. Descobri uma infinidade de processo, e cada um tem o seu, mas todos criam na solidão do ser, no silencio da alma em busca do máximo que possam alcançar.
Processo não tenho, talvez seja um pensar em cenas, em imagens, para depois, no desespero, dizer alguma coisa, procurando dessa maneira transmitir o que me passa na alma ou na mente. Quase sempre é em imagens que eu penso isso no caso de escrever um conto. Quanto à poesia, não tem imagens, tem palavras que criam na mente dos leitores a imagem.


pastorelli

Seja o primeiro a comentar: