terça-feira, 4 de dezembro de 2012

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Pequenas histórias 34

 
 
 
 
 
 
    
 
 
                                                            Vejo imagens


Vejo imagens no som rascante da guitarra ferindo meus olhos de saudades. Morrerei novamente a cada inicio empurrado pela sobrevivência faminta. No dia-a-dia cato migalhas caídas dos edifícios cinza brancos da avenida. Nada perdura, nem mesmo a saudade que se transforma em pedra calcinada empobrecendo o coração. Tudo se resume no ter e não ter mais. Busca-se nos ângulos noturnos da alma, nos parapeitos da memória, nas sonolentas conversas de botequins das vilas, no dedilhar do violão entoando um choro lamentoso, em fim, busca-se em tudo e nada se encontra, pois o que foi não será novamente. Mesmo assim, fica uma pontinha de algo que não se esquecerá jamais alimentando, queimando, desejando o antigamente como se fosse hoje. E no som da guitarra, ressurjo das cinzas mostrando a força que há em mim. Força que nunca se apagará.


pastorelli

1 Comentário

Penélope

E como é bom termos a consciência das nossas forças interiores, mesmo quando tudo parece desmoronar e ser só tristezas...
Linda história de renascimento...
Um abraço!