sábado, 1 de dezembro de 2012

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TRILOGIA PARA GAZA - I


Céu de bombas

Por que choras por mim meu pai?

Cumpri com o que me coube
nessa Gaza de feras.

Em cada criança morta, sacrificada,
um objetivo insano.

Despeço-me do dia
sob flashs e bombas.

Uma fome doentia
molhou teu corpo com meu sangue.

Estrelas dos profetas cruzaram os céus
e pulverizaram os créditos de minha infância.

A ambição de poder comeu meu destino.
Com a força, roubaram-me o sorriso.

Meu pai, nem sei perguntar por quê.
Não tive tempo para me nutrir de ódio.

Pensando bem, pai,
que às lágrimas partam.

Transpareças a cor de teu rosto indignado
nas telas indiferentes do Mundo.

Sobretudo creia, pai,
creia no triunfo do olhar de tua filha,
fosco de morte,
voltado para esse lindo céu,
reluzente de bombas,
nessa noite de um domingo de fúria.

Jorge Elias Neto
www.jeliasneto.blogspot. com

1 Comentário

andre albuquerque

A condição humana, flagrada em momento atroz ;destaco a ultima estrofe , a dor mais aguda vertida em poesia.Parabéns.