O CARRO DO SOL
5.
Era transparente a citadina força da tarde.
Alado não a discutia. Mergulhado no brilho do mármore, satisfazia-se do largo
horizonte, sempre traspassado nas redomas de relva e árvores floridas.
Os
tons escuros e abertos de verde e amarelo que preenchiam, com tanta
onipotência, a escrita clássica do jardim, levantavam o mago para uma tranqüila
esperança. Era ainda mais seguro de si agora que a insegurança o vestia nubente ao pé de Mona. O deus louro a
instruiria no Templo de Ouro e pela casa espalhava-se finas sedas de vernáculos
bem construídos, polidos objetos de ângulos abstratos e outras tantas afeições
da luz.
Serenava enquanto perdia-se pelos novos
movimentos. Seguir o curso desse Sol lhe seria, talvez, um pouco incomodo, mas,
se da noite extraíra mil e uma constelações... era seguir o Pássaro. Em terras
de águas, o aéreo sedimentaria as frestas do Arco.
Não se podia discutir a beleza, pensava, ainda
mais quando a forma ostentava-se para tão além, quase tangente da linguagem do
deus. Era quase polido o feitio desse templo, que o tornaria, antes, um espectador
da idéia, do que o contumaz namorado da lei. Pela via dourada, ia percebendo, o
homem poderia descansar de si mesmo e poderia libertar o âmago de sua força e
criatividade, se abstendo do ego, que se muralha e validez de sobrevivência,
era escura máscara na apreensão dos arcos.
Para validar um condutor do Carro do Sol
espalharia na sina da noite o alegre compasso das vertigens aéreas. Permitir-se-ia
um relaxar, quase temerário, das angústias das desfeitas da matéria, redundante
entropia de tantos ensejos. Não descuidava de ser a mente depositária da
ascensão nessa bravata cuspida na desigualdade do signo da pirâmide. E, quantas
vezes repetiu-lhe a Águia a página inteira das vitórias desprovidas de
campeões, era mister que dos ombros da matriz extraíssem os ventos róseos e
lisos das grandes visagens, das maneiras fluídas e aspiradas dos abençoados do
Cordão de Apolo. E sendo assim, seu
braço de forte acolheria a nova face da consciência. Se o fulgor dessa Era
poderia ser apreendido nos olhos de Mona... Alado daria o selo do bom
movimento.
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