terça-feira, 23 de abril de 2013

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A VIRGEM DOS ROCHEDOS/FASCINAÇÃO - JANDIRA ZANCHI









Fui feliz enquanto o claro sereno daquela noite

- presépio e prosa – deslizava por entre meus dedos e....
encontrei tranquilidade na certeza.
Não sei tramar acordos ou entraves, só sei desenrolar um único processo, o da minha vontade.

Não sei bem se posso ser importante ou importada
para realidades alternativas  ou alteradas, antes, acho
que só posso pronunciar em ritmo obsessivo
o que me vem ao coração. Talvez falta de criatividade.
Mas, a vida me parece funcionar em um máximo de nove ou dez situações e o resto... 
eu, francamente, não entendo para o que serve, talvez seja só uma distração do tempo, 
uma falta de ajustamento ou a impossibilidade de funcionar a matéria 
em vibração adequada com as bilhões de energias que se sucedem.

Se acredito na lei do mais forte?  
Acredito que perdida no purgatório procure desesperada
a trilha a saga a senha de um perfume silvestre
que vem de florestas românticas e pouco enfeitadas,
serenas outonais pálidas esquecidas e....
bem, é o romântico das flores brancas,
das densidades suaves
perdidas entre o orvalho e o vapor.

Mas, se preciso justificar os arrebatamentos do meu temperamento, 
poderia dizer que vi em você o senhor desse mundo que está em mim
e no qual imersa e expulsa o fui por tantas vezes
sol e sombra              vento e voz
campos quentes e silêncio cúmplice
em uns pinheiros que me fazem amar
o relâmpago, a chuva, a fuga.

Quando vou para o vermelho do cálice
é porque comecei a perseguir uns passos
a nervosamente sorrir para um senhor
de bigodes negros e olhos de águia...
na floresta o riacho escurece
as árvores fazem vento e frio
a terra sob meus pés já não é tão doce,
pois, estão em ironia e soturno a me contar
que vibram e vórtice
céus e celas
não tão fáceis e serenos.

Perdida me desespero ou me encontro?
                 Fascínio
senhor dos cravos vermelhos
                       hálito de hortelã
Fascínio                          Posse
senhor do manto amarelo
sou tua e de tua floresta
um reino uma pousada....

sei, agora, que sempre fui só a moça branca
que percorreu – entre fúria e anjo – os caminhos
dos magos e aeronautas
morenos bruxos e louros alienígenas
e que ao reconhecer o traço e o largo
o dono e o princípio
me debato me arruíno me fascino.


Por sob a terra a luz amarela
escura de redenção
enquanto assentavam os magnetos
- assentimento pelo brilho –
beijei da Vinci e seus retratos
pois inquietamos na arte a consciência
que enfrenta a montanha e seu quietar.

Tomamos forma e fazemos do sonho um concreto
arquétipo na ideia é morada e finalidade.
Não existe, talvez por isso mesmo, nada
que impeça o minuto de reconhecimento.
Se pertence ao que se veio, de onde se é,
e se caminha por entre barras e barganhas
para um acerto
para o que não se sabe
porque em ritmo e fluxo de dança
                 movimento
o pensamento é a arte de viver e sonhar.

Entre o céu e o seu sol
e seus filósofos
Sócrates Aristóteles Eisten e Renoir 

estrelas e sua lua
silvestre e hortelã  rochedos e da Vinci
os senhores e seus mosteiros
         silêncio
as virgens vão passear.

Carregam flores brancas
cachos castanhos
túnicas de pálido luar.
Entre a floresta e aluz
      posuídas 
e distraídas
nem as aves  nem as traves
são mulheres e são flores
são o princípio do dia
e seu caminho de paz.

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