segunda-feira, 29 de abril de 2013

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há um sereno ritual




(quadro de Briton Riviere, "Sympathy", 1877)



5.

há um sereno ritual

há um sereno ritual que fica
no lugar das palavras, que as
substitui, destrói, acaba

há uma serena voz
(que não é voz)
que olha e explora para
além dos sentidos do
corpo

o corpo é tudo
a pronúnicia das sílabas
nada,

o olhar pelo olhar do outro,
sem que as pausas ou as semínimas
ou os ritmos de betão sejam
mais do que ritmos imaginários

o corpo é tudo,
o poema mais do que as palavras

só pode ser assim
e só pode existir o rio
como existem as mãos que
tocam esse rio

tudo se sobrepõe ao papel,
nada ao olhar animal de quem se
derrete no cálido amanhecer dos dedos.

jorge vicente

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