Atendo
pessoas: é esse o meu trabalho. Nunca mais vou conseguir esquecer aquela
sessão. Falava com um adolescente, uma conversa igual a tantas outras. No final
entrou o pai, combinávamos detalhes que não importa agora explicar. Foi então
que o pai desatou a agitar-se na cadeira e começou num monólogo.
«não
tive culpa… eu matei-o… sabe… estávamos no mato, fizeram-nos uma emboscada… não
seu como aquilo aconteceu… apareceu uma preta ferida, vinda não se sabe de onde
com um bebé nos braços… deu-o ao nosso capitão… ele ficou parado… o ataque
continuava… berrei-lhe: dê ordens de retirada… mas ele estava paralisado…
berrei-lhe novamente: capitão! Dê ordens de retirada… aproximei-me dele e
tirei-lhe o bebé… mandei-o para o chão… disparei… disse-lhe novamente: dê ordem
para a retirada… e ele lá o fez… conseguimos fugir e sobreviver… mas eu não
queria ter feito aquilo… não queria…»
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