sábado, 27 de julho de 2013

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FLOR DO ESPAÇO (ANOS 90) - JANDIRA ZANCHI



integrada estilhaçada vomitada
nas explosões cíclicas oníricas lúcidas
ressurjo em frequência baixa
chama lenta renitente cor de aço
uma flor do espaço.
flor negra da última madrugada
quero jardins em rosas pois
este caule em aço está solto
e se contorce no espaço.
brincadeira? não, já não brinco
não tento não conheço ensaio
já fiz as planilhas e sinto muito
minha rede não tem armadilhas
meu desejo é sem artimanhas
sou eu a física, o tempo e a química
nesse novo panorama
com a  luz e a matéria que rolar
pois parece não somos inimigas
apenas equivocadas atrapalhadas
mal coordenadas e
pouco conversadas.
se não sabem.. não é preciso que todos saibam – afinal não se sabe direito o que se sabe – mas chegamos matéria luzes carma e eu a um entendimento:  definições não pressupõem reclusões, já que, interessante, são espaços abertos para totalizações continuidades e pasmem – até eternidades - já que é fato que as histórias e trajetórias que os homens ensinam são mentirosas  sempre esquecendo que a vida é um movimento que é um espaço em branco que é uma luta em violeta que é uma glória em dourado por sua vez que é sonho e realidade sem ser descontínua ou fragmentada e jamais apenas costura de fatos e potências enfim, antes muito antes é essa vida maneiras e formas de ações e visões  que fizeram história que fizeram romance
esquecem que os humanos dedicam mentes tempo e espaço para palavras que tecem rosas azuis de conhecimento e abstrato pois somos na descontinuidade mais o tempo e a ideia e a fantasia
somos mais o futuro e nossa imagem quando falamos com máquinas quando animamos objetos com nossos conceitos porque não somos um corpo um momento um desejo uma memória ou uma dor, antes, somos movimento aventura silêncio pensamento objetos e projetos máquinas prédios quadros versos  retórica retalhos retângulos e interfaces giradas aspiradas de azul e sonho em fórmulas e complexidades simplicidades mutantes exultantes de formação e perplexidade – uno e seguro é o desejo de imprimir a impressão e liberá-la até o voo
                                                             a flor e o seu espaço.                                              

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