domingo, 7 de julho de 2013

0

Uma questão de vendas, Rui Tinoco


Estava bastante satisfeito, tinha vencido tudo o que havia para vencer na sua agência imobiliária. Era o número um em vendas há meses consecutivos. A sua empresa reconhecia-o: tinha comprado espaço publicitário em diversos jornais, em que juntamente com as propriedades a vender surgir a sua imagem em termos vitoriosos.

Mas queremos sempre mais, não é verdade?

Neste momento o nosso personagem conduz pelos interstícios do trânsito urbano. Tamborila com os dedos o volante do seu automóvel. Vê-se que está confiante.

Via encontrar-se com um líder de uma empresa concorrente. Já estacionou e encaminha-se agora para um café discreto na Baixa da cidade.

- Bom dia (diz o nosso personagem).

- Ora viva (responde o líder da empresa concorrente).

E o diálogo vai-se desenvolvendo.

- O que lhe proponho no fundo (insiste o líder da empresa) é que considere integrar o nosso projeto. Damos-lhe condições económicas aliciantes. Seria bom para todas as partes.

Enfim, pediu tempo para pensar. Mas estava francamente inclinado para a mudança.

Passados meses a sua vida tinha se transfigurado totalmente. Trabalhava com um muito melhor salário, o negócio subiu em flecha. Não pôde foi negar um certo dissabor ao ver cartazes da sua antiga empresa espalhados por toda a cidade:

«Eis a sua imobiliária, a primeira imobiliária nacional a vender o seu próprio vendedor…»
Afinal tinha sido vendido?!
*
Mantém blogue Ladrão de Torradas, veja aqui

Seja o primeiro a comentar: