Os primeiros raios de sol
atravessavam o caminho que levava ao grande mosteiro. A cada degrau iluminado
da escada verde, uma sensação de leveza e bem-estar tomava conta dos
visitantes, vindos de todas as partes do mundo.
Os cinco continentes estavam
muito bem representados ali. Um a um, os representantes da América, Oceania,
Europa, África e Ásia passaram a galgar os degraus que o levariam ao encontro
com o mestre. Cada um deles trazia uma preocupação. De cada parte do mundo.
O representante africano, de
Angola, carregava nas costas a aflição para erradicar a fome do continente das
savanas, devastado pela guerra. O enviado da Terra do Sol Nascente estava
angustiado com a insegurança política e o risco permanente de terremotos. O
grego foi levar as angústias da crise econômica e do desemprego, que estava
desequilibrando as finanças da Europa.
O aborígene australiano
trouxe com ele a vontade de ver seu povo prosperar como uma etnia que tinha
orgulho de suas origens.
E o brasileiro, o Emergente
das Américas, bem humorado e com esperança brilhando no olhar, queria ter a
garantia de que a saúde pública e educação tivessem mais investimentos.
A escada verde finalmente foi
galgada pelos cinco, que ao chegarem ao ponto mais alto do vilarejo avistaram a
figura simpática e serena do monge. Cada um deles acreditava que o Mestre
traria uma solução para seus continentes. Eles tinham viajado tanto para isso!
Enquanto o Mestre caminhava
tranquilamente em direção aos visitantes, ele buscava levar a cada um deles uma
palavra de incentivo, ou um ensinamento que os conduzisse às melhores soluções
para a vida diária.
Se dirigiu primeiro ao angolano.
“Mantenha a fé. Busquem a união e invistam na educação. Vários corações
irmanados conseguem o inconcebível.” Depois o monge falou ao japonês: “um povo
sábio vigia seus governantes e se previne contra as causas naturais”, disse.
“Enfrentar a austeridade nos gastos, hoje, é a única forma de corrigir o
desperdício de ontem. Fica a lição de casa”, observou o Mestre ao grego.
Ao aborígene, aconselhou a
manter as tradições e garantir que “a História da Oceania seja preservada pelas
próximas gerações. Orem, mas ajam também”. O representante tupiniquim sorria,
mas com aperto no peito. “Saúde é tudo. Educação é a base. Volte e leve esse
conselho aos que nasceram nas Américas, para que saiam às ruas toda a vez que
for preciso reivindicar.”
“Qual é caminho? Caminhar!”, disse o Mestre, na
despedida. Todos se entreolharam. Os conselhos recebidos valiam para todos,
dependendo da fase que estivessem passando... Tinha valido a pena subir os
degraus da escada verde...
Sônia Pillon é jornalista e escritora, nascida em Porto Alegre (RS) e radicada em Jaraguá do Sul (SC)desde 1996.
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