quinta-feira, 1 de agosto de 2013

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A ESCADA VERDE - SÔNIA PILLON

Os primeiros raios de sol atravessavam o caminho que levava ao grande mosteiro. A cada degrau iluminado da escada verde, uma sensação de leveza e bem-estar tomava conta dos visitantes, vindos de todas as partes do mundo.
Os cinco continentes estavam muito bem representados ali. Um a um, os representantes da América, Oceania, Europa, África e Ásia passaram a galgar os degraus que o levariam ao encontro com o mestre. Cada um deles trazia uma preocupação. De cada parte do mundo.

O representante africano, de Angola, carregava nas costas a aflição para erradicar a fome do continente das savanas, devastado pela guerra. O enviado da Terra do Sol Nascente estava angustiado com a insegurança política e o risco permanente de terremotos. O grego foi levar as angústias da crise econômica e do desemprego, que estava desequilibrando as finanças da Europa.
O aborígene australiano trouxe com ele a vontade de ver seu povo prosperar como uma etnia que tinha orgulho de suas origens.

E o brasileiro, o Emergente das Américas, bem humorado e com esperança brilhando no olhar, queria ter a garantia de que a saúde pública e educação tivessem mais investimentos.
A escada verde finalmente foi galgada pelos cinco, que ao chegarem ao ponto mais alto do vilarejo avistaram a figura simpática e serena do monge. Cada um deles acreditava que o Mestre traria uma solução para seus continentes. Eles tinham viajado tanto para isso!

Enquanto o Mestre caminhava tranquilamente em direção aos visitantes, ele buscava levar a cada um deles uma palavra de incentivo, ou um ensinamento que os conduzisse às melhores soluções para a vida diária.

Se dirigiu primeiro ao angolano. “Mantenha a fé. Busquem a união e invistam na educação. Vários corações irmanados conseguem o inconcebível.” Depois o monge falou ao japonês: “um povo sábio vigia seus governantes e se previne contra as causas naturais”, disse. “Enfrentar a austeridade nos gastos, hoje, é a única forma de corrigir o desperdício de ontem. Fica a lição de casa”, observou o Mestre ao grego.

Ao aborígene, aconselhou a manter as tradições e garantir que “a História da Oceania seja preservada pelas próximas gerações. Orem, mas ajam também”. O representante tupiniquim sorria, mas com aperto no peito. “Saúde é tudo. Educação é a base. Volte e leve esse conselho aos que nasceram nas Américas, para que saiam às ruas toda a vez que for preciso reivindicar.”

 “Qual é caminho? Caminhar!”, disse o Mestre, na despedida. Todos se entreolharam. Os conselhos recebidos valiam para todos, dependendo da fase que estivessem passando... Tinha valido a pena subir os degraus da escada verde...


Sônia Pillon é jornalista e escritora, nascida em Porto Alegre (RS) e radicada em Jaraguá do Sul (SC)desde 1996.
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