São seis e meia da manhã e o hospital
está lotado. Desde a porta de entrada, passando pela recepção, sala de
espera, corredores e leitos, não há uma vaga sequer! No balcão
de informações, homens e mulheres ansiosos buscam notícias de familiares e
amigos, enquanto os recepcionistas se desdobram entre os telefones e o
atendimento, digamos, personalizado para os que não param de chegar.
O setor de emergência, no
térreo, está completamente tomado, e há até pacientes atendidos no
corredor, monitorados por aparelhos, entubados ou recebendo soro,que esperam
por uma vaga na UTI. Com tanto movimento, a correria de médicos,
enfermeiros e pessoal de apoio é incessante. Aos seguranças, cabe a árdua
tarefa de impedir as visitas fora de hora, sob pena de receberem cartão
vermelho da direção.
Os acidentados têm a
preferência no atendimento.Gestantes com contrações e em trabalho de parto
também são conduzidas às pressas pelas ambulâncias.Os idosos
chegam fragilizados,amparados por bengalas ou em cadeiras de rodas,
geralmente acompanhados por filhos e netos. As mães chegam aflitas com
seus filhos, no colo ou pela mão, a maioria com problemas respiratórios."Mas
também, com um frio desses, quem é que agüenta?!", comentam entre si,
solidárias, enquanto aguardam a chamada do pediatra.
Enquanto espera por uma
brecha para falar com um médico do CTI, Maria se mantém sentada numa das
cadeiras do gelado corredor de acesso. Logo inicia a troca de turno, e pouco
a pouco os enfermeiros, auxiliares e médicos saem apressados para dar
lugar aos que chegam.
"A noite foi
longa!", comenta um deles a outro colega, enquanto espera o elevador,
que parece não chegar nunca! Pouco depois, três estudantes de medicina
iniciam uma animada conversa sobre as dificuldades encontradas no plantão,
sem se importar com a presença de Maria, nem com o cartaz que lembrava:
"Silêncio!". O elevador chega, e finalmente o barulho cessa,
abruptamente.
A jornada finalmente tinha
chegado ao fim para aqueles profissionais vestidos de branco, ansiosos por
umas boas horas de sono. Mas amanhã é outro dia, e mais uma vez a rotina
de lutar pela vida e fazer o possível para driblar a morte irá recomeçar. E
também o corre-corre, os sorrisos e lágrimas que envolvem o dia a dia de quem
passa pelo hospital. É... com saúde não se brinca!... Melhor prevenir do que remediar,
diz a sabedoria popular...
Integra o livro “Crônicas de Maria e outras tantas –
Um olhar sobre Jaraguá do Sul”, página 64, lançado pela Design Editora, em julho de 2009.
Sônia Pillon é jornalista e escritora, autora
residente dos sites de literatura “Letras et Cetera” e “Cooperativa de Letras”.
Seja o primeiro a comentar:
Postar um comentário