sexta-feira, 30 de agosto de 2013

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INTRODUÇÃO AO GUME DE GUEIXA - TEXTO DE JORGE XERXES






Prefácio ao Gume de Gueixa
“No dia demarcado te darei / três pontas da flor amarela”. O pedido da autora Jandira Zanchi para que eu prefaciasse o presente livro de poemas, despertou em mim o desafio e a intenção de empreender esta jornada por meus próprios meios. Digo isso porque acredito na poesia como ferramenta de aguçar no outro os sentidos. Do lado de cá, esse do leitor, cada um receberá de forma específica aquilo que apreende. O que segue, nos parágrafos seguintes, é resultado de minha descoberta. E, de antemão, recomendo a você que faça por si mesmo a travessia.
Arremessa os sentimentos à sombra do outro, é reflexo de si na razão do claustro. Lentamente vai sendo preparada a teia. “Fóssil fascinado / pelo advérbio / ... / que antecede / o instante faceiro”. Até dissolver-se no oceano. “Justifique-se a lua / de suas ordens... / recebi a aquarela”. Atinge a totalidade e faz, pela subtração, a dissolução plena no outro: A luz se apaga para germinar da treva; para depois escoar desta, recriar-se no extático do movimento.
“A flecha do tempo / aumentou tua entropia / pobre serva menina / caiu no laço”. Nasce a menina. “Quero ímpia e colorida terra / outra vez nua nos orgasmos”. E distancia-se o amante, o espelho através do qual percebe sua a imagem, existência. “As três flores da geração passada / curvaram o boreal de divergências”. “Independência – morte / sugerida em 120 flexões”. Solitária, consumada a separação de corpos, segue só a senda do conhecimento e imersão nas letras.
A alegria lhe sorri sua face serena; doce e frágil; provocante criatura. “Meus últimos apontamentos / não se traduzem de rubro”. Um arcanjo desce do píncaro de elevação desabitada. Rasga dela o vestido vermelho. Separa-lhe as carnes preenchendo-a de vida: descargas elétricas em seu colo, frêmitos e espamos; em movimentos doces – uma única vez. A dama padece, no momento de fraqueza, a energia lhe falta. Não deixa que ela grite. Não deixa que se sinta plena, ainda saturada de liames a atarem-na naquele plano. Instante anterior à combustão. “ – vai além.”
“Conheço o luxo de ser nua e insofismável / inquestionável é a questão / e o próximo dia”. A escrita é arma branca afiada da vivência. Destes méritos não deve passar desapercebida. Singular energia pulsante que arrebata seu entorno. “Olhamo-la / em sua branca / matreira de covinhas / e concavidades / âmbar no negro / brilhante do infinito”. Espalhamento da arte. É essa a escorregadia esperteza: perspicácia de jovens bailarinas (gume de gueixa).
A lua a tua espera. Até rebentar-se em silencioso testemunho. Renega a vida com força e febre rubra. Bota fora o vibrião do homem. “(Te farão bem / os ventos e os barcos / as velas e as sendas / os poemas de três passos / as estórias sem enlaces)”. Redenção e transcendência. “Beija-lhe em cada uma das três faces / o olho do centro”. O nocaute é pelo eclipse da lua. A supressão de sua luz faz brilhar forte; miríade de estrelas no céu.
Jorge Xerxes, Rio de Janeiro, aos 24 dias de Julho de 2013



Livro: Gume de Gueixa
Autor: Jandira Zanchi

Gênero: Poesia

Número de Páginas: 100

Formato: 15x20

Preço: R$ 30,00 + frete (livro em pré-venda)


2 comentários

Jorge Xerxes

Jandira,

estou contente em saber que Gume de Gueixa está saindo do forno: eu gostei muito do que li!

A capa ficou belíssima!! Desejo-Te Muitas Felicidades e Sucesso!!!

Um Beijo, Jorge

Jandira Zanchi

Obrigada, Jorge, o livro ;ficou mais bonito com teu texto. Beijo.