segunda-feira, 4 de novembro de 2013

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Botânica Poética


 

Queria um poema simples

Então deixei o nó no peito de lado

Como a gravata abandonada sobre a cama

Ouça: não é meu o perfume, vem daquela flor

Mas eu o sinto

Dependurei o casaco no cabide

Não há razão para eu me proteger

Se de meus pontos cardeais vazam

A seiva pura em planta

Meus filhos, tudo o que quis dizer e eu não disse

Guardei nas palavras para esses versos

Os pássaros já não bicam minha alma

Tenho próprias as asas da imaginação

As luvas eu não sei delas

Tampouco me importam

Se eu tenho agora de manusear pétalas

Não mais os espinhos

Nessa lavoura sem enxadas

Minha pena leve de poeta

Sempre que um cisco ofuscar tuas vistas

Que a gente consiga soprá-lo logo para longe

Com a suavidade da brisa

Para que novas em folha

Possam apreciar plenas

Estas vastas paragens

Elevadas de poesia

 

 


 

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