quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

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Pequenas histórias 83






Dê-me um tema


 

Dê-me um tema. Qualquer um. Mas que me emotiva a escrever.
Que faça com que tenha nas pontas dos dedos a sensibilidade.
Que faça com que as palavras surjam espontâneas e não forçadas.
Que elas venham na brisa das vozes esparramadas na calçada da vida onde, os fragmentos de sentimentos são verbalizados no calor frenético do vai e vem.  
Que elas venham no vento da tempestade arreganhando as paixões em mosaicos de experiências infinitas.
Que elas repousam na canção embalando a cidade sem pudor de ser uma simples romântica canção.
Que venham todas as palavras, todas que meu cérebro consiga captá-las transformando-as em histórias poéticas ou, simplesmente, em poética prosa.
Sim, dê-me um tema. Qualquer um. Mas que seja um tema no intricado dos olhos que se olham frios de solidariedade.
Sim, dê-me um tema. Qualquer um. Mas que seja um tema no complexo coração irradiando pulsações de prazer incontrolável.
Sim, dê-me um tema. Qualquer um. Mas que seja um tema no emaranhado das veias onde o sangue pulsa violento o amor de todas as manhãs.
Sim, dê-me um tema. Qualquer um. Mas que traga em suas fibras o coral de vozes entoando um réquiem de Mozart.
Sim, dê-me um tema. Qualquer um. Mas que complacente com minhas ideias não me deixa cair na tentação em escrever futilidades.
Sim, dê-me um tema. Qualquer um. Mas que vá ao encontro da paixão que me envolve na busca de um dia encontrar o amor perdido.
Sim, dê-me um tema. Qualquer um. Mas que revele aos meus olhos o fulgor da tua semente protegendo futura vida.
Sim, dê-me um tema. Qualquer um. Mas que ilumine os olhos dos edifícios humanizando cada esquina da pele umedecida pelo viver.
Sim, dê-me um tema. Qualquer um. Mas que transcende as curvas da sexualidade feminina emoldurado pelos mistérios do prazer eterno.
Sim, dê-me um tema. Qualquer um. Mas que tenha toda a sinfonia do mundo enaltecendo em cada nota a música conciliadora carregada de paz.
Sim, dê-me um tema. Qualquer um. Mas que tenha toda a arte das mãos criando artes de infinitas complexidades até as mais simples.
Sim, dê-me um tema. Qualquer um. Mas um tema que sorria com o sorriso puro da mais pura criança sanando a fome de todas as crianças.
Sim, dê-me um tema. Qualquer um. Mas que faça apaziguar corações odiosos pela guerra que mata e destrói.
Sim, dê-me um tema. Qualquer um. Mas que ultrapasse o próprio tema acalmando o coração do mundo.

pastorelli

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