domingo, 19 de janeiro de 2014

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SÔNIA PILLON - O SONHO DE PEDRINHO

Todas as noites, quando Pedrinho chegava em casa depois da escola, seguia a rotina banho-jantar-estudo-pc-dormir. Tímido, mas com uma imaginação do tamanho do planeta, ele fechava os olhos e se imaginava em um grande palco, tocando violino, teatro lotado, silêncio absoluto e, ao final, a aclamação. Nessas horas, geralmente levantava e abria o armário, onde mantinha um pequeno violão de plástico, que ele imaginava ser um violino, repetindo os movimentos de um músico ao tocar o instrumento.
Por alguns minutos, ele sentia como se estivesse lá, bem no centro do palco. Outras vezes, se via em meio a outros musicistas, como um dos integrantes de uma grande orquestra, com roupa de gala. Amadeus, Beethoven, Brahms, Chopin, Verdi, Villa-Lobos...
Depois ele guardava cuidadosamente o brinquedo em forma de instrumento e se dirigia à janela do quarto. Olhava para o céu estrelado e procurava a estrela mais brilhante. E era para a mais bela, cintilante e majestosa estrela que ele elevava suas preces, para conseguir uma bolsa de estudos e aprender a arte de tocar um violino. Em seguida vislumbrava o espetáculo, os aplausos de pé e as exclamações de Bravo! Bravo! Bravo!
Em seguida, ele se enfiava debaixo das cobertas e ficava sonhando acordado, de olhos abertos com o seu sonho, até ser vendo por Morfeu, o deus do sono na Mitologia Grega...
A dona de casa Joana, conhecendo as vontades do filho, ontem chegou animada da loja de tecidos onde trabalhava, ao saber que um grandioso festival iria oferecer a oportunidade de conhecer o mundo da música para crianças e jovens.
- Olha aqui, Pedrinho! Aqui tão dizendo que crianças podem participar do festival, olha!
- Mãe, que maravilha! Me leva lá, por favor!
- Claro, filho, vamos, sim!
Aproximadamente uma hora depois, os dois já estavam fazendo a inscrição para o evento. Com os olhos marejados de lágrimas, o menino abraça a mãe, agradecido.
_ Nem acredito que finalmente vou participar! Tenho certeza que um dia eu serei uma das estrelas desse teatro!
- Pedrinho, a gente nunca pode prever o futuro, mas é preciso ter a coragem de lutar pelo caminho que a gente escolher... Se é mesmo o que você quer, nunca se esqueça: você pode deixar um sonho engavetado, pode até adiar esse sonho, mas não destrua, não abra mão dele! Nunca é tarde pra ser feliz...
Ao deixar a Sociedade Cultura Artística, o menino passou a contar os dias que faltavam para o Festival de Música de Santa Catarina...

Sônia Pillon é jornalista e escritora, nascida em Porto Alegre e radicada em Jaraguá do Sul (SC), desde 1996.

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