Para Márcia Barbieri
Os olhos
claros estão se apagando, as chamas do sol já não são percebidas por eles. O que há dentro dela? Perguntou a si
mesmo o homem que diariamente a admirava no caminho de volta para casa, dentro
do ônibus. Parece trazer em si o vazio de antes de tudo, o caos da criação, o
suspiro final do torturado, ou melhor, talvez o desejo de torturar a existência
com esta dor tão grande: O corpo não vai
suportar! Ela o tinha enxergado, mas não percebia que estava sendo
observada, seguia sentindo a fragilidade de tudo, o ao redor tinha perdido o
sentido, tornara-se leve como se com um sopro ela pudesse destruir tudo e
todos. Mas não o fazia por uma pena-masoquista. Hora de desembarcar, ela
mecanicamente, levantou, com um livro fechado em mãos, ficou pra trás, ele seguiu
se questionando: À que ponto chegaria? A chuva lá fora seria o
dilúvio que mergulharia aquele ser que carregava em si uma espécie inteira.
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