sábado, 9 de agosto de 2014

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Pequenas histórias 109






Refaço os instante





Refaço os instantes nas palavras impressas em edifícios cinzentos a margearem a grande avenida.
Cada palavra tem seu significado que corresponde a um ato único e puro.
Cada letra traz minha individualidade como marca de que por aqui passei.
Cada palavra se concretiza nos atos que inconsciente registrei no dia-a-dia dessa metrópole faminta e algoz.
Cada frase expõe minha intelectualidade frágil e podre de egoísta em querer sem saber ofertar.
Cada sentença fragiliza meus nervos intimidando a recolher-me na timidez corrosiva.

Refaço com palavras todo meu tormento como prova da minha existência em cada olho do leitor.
Palavras invadindo íris desconhecida, se infiltrando no âmago do ser compartilhando meus tormentos.
Numa amalgama cuja penetrabilidade se quebra, escritor e leitor se juntam na mesma sequencia de atos e fatos levando-os ao clímax da vida.
Caminho no fio da invisibilidade em busca de algo que nunca sei e que nunca saberei se um dia alcançarei.
Caminho pela estrada sem a companhia de Cabiria desejando você que ao meu lado não caminha.
Dolorosamente as luzes do cinema se acendem e, amargurado, volto à realidade da vida.

 pastorelli

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