quarta-feira, 27 de agosto de 2014

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Pequenas histórias 112



Silvio e Silvia 1


Decidida espetou a suculenta carne sangrando vermelho por ser mal passada. E aquela estava no ponto desejado. Espetou a picanha – costumava dizer: a pica da Ana – cortou um naco e delicadamente, como consiste a uma mulher fazer, levou a boca, mastigando lentamente para saborear todo o gosto das fibras sanguíneas da carne.
Em seguida, saboreou a caipirinha como gostava que fosse feita, deliciou-se lambendo cada gota. Ao mesmo tempo perguntou-se, quer dizer, não foi bem uma perguntada, foi mais uma afirmação, ainda encontrará o homem que me fará feliz, um que me queira realmente.
Encheu o copo de cerveja, tomou um longo gole. Estava se tornando alcoólatra, lhe disseram uma vez. Não estava não. Gostava de sentir todo o prazer etílico que lhe era proporcionada, e além do mais, se estava ou não se tornando alcoólatra ninguém tinha nada com isso. Bebia sim, a bebida fazia sentir o mundo com mais intensidade, com mais realidade, com mais sonoridade.
Mas precisava urgentemente encontrar um homem que a queira. Não tem o Silvio que lhe quer bem, perguntou ao tomar o segundo copo de cerveja. Sim, tem o Silvio, sim tem ele. Acontece que não estou apaixonada por ele. É uma boa pessoa, alegre, bonito, apesar de sua magreza. Tinha ele sim, até se sentia satisfeita com ele. Ao pedir a conta e mais uma cerveja foi que o viu, lembrou dentro da noite onde procurava de uma maneira, não certa para muitas moças como ela deviam achar, eliminar o vazio da carne. Sim, gostava de vez em quando sair, andar a esmo pela cidade, disse ao Silvio. Estranhou que uma moça bonita como ela tinha como simples prazer andar no vazio da noite como ele tinha prazer de conhecer gente nova.
Sorriu, ela tinha um sorriso atraente, lhe dissera. Então, aquela noite não podia esquecer quando Silvio entrou, sem mais e sem menos, sentou ao lado dela perguntando o seu nome. Silvia, respondeu e ofereceu a ele um copo de cerveja. Assim que pronunciou seu nome, ele foi atacado por uma gargalhada que foi difícil controlar. Ela quis saber por que ria desbragadamente. Com muito custo, reprimindo o ar que teimava em sair pela garganta, respondeu, prazer, meu nome é Silvio. O que? Não acredito, somos xarás, foi à vez de ela rir descontroladamente.


pastorelli

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