terça-feira, 9 de setembro de 2014

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Espaço entre as palmas das mãos


Debaixo de um chão de estrelas nossa pequena Terra se assemelha apenas a um grão. Existem leis subjacentes a prescreverem-lhes as órbitas, o equilíbrio, os ciclos dessas pedras a revolverem os céus. Uns poucos loucos desvelaram as suas equações. Outros renderam-las versos sensíveis em homenagem. Enquanto o humilde trabalhador a lavrar o solo, extrair-lhe o sustento. Cada criatura apreende de forma diversa da gravidade. Entretanto ela está sempre presente. Inerente aos fenômenos da vida, como o ar que respiramos, quase sem nos apercebermos. As estrelas, estas fugidias, nos deixam vislumbrar-lhes o brilho, ao longe, se é noite, sem nada nos dizer dos dias. Porque habitam a casa da realidade, ocupam-se daquilo que são, alheias a razão da existência. Deixando-nos assim a deriva, náufragos em seu véu, poeira de estrelas. Se por um lado escapa-nos a verdade, temos a nosso favor o sentimento, a percepção. Do ínfimo espaço entre as palmas das mãos que se dão escorre o amor. Esse fluido a permear todo espaço; atribuindo-lhe significado, beleza, veneração. São os nossos sonhos, sementes fecundas a suster a infinita árvore da vida.






Image Credit: “Milky Way Over Quiver Tree Forest” Florian Breuer, 2012 December 12

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