Silvio e Silvia 4
Na verdade Silvia não sabia mais como agir. Havia momento sentia uma paixão
violenta, até destrutiva, a ponto de tolher os movimentos do companheiro.
Disseram uma vez: nada de se apaixonarem. E ela não queria se apaixonar.
Acordava e o primeiro pensamento, se é que poderia dizer dessa maneira, não
existia primeiro, era um pensamento continuo onde a imagem de Silvio torturava
seu segmento de vida, deixando-a distraída, correndo perigo. Outro dia
analisando uma frase dita por Silvio, tentando reagrupar os sons para compor a
tonalidade da voz na esperança de descobrir o escondido, pois de um momento
para o outro, começou a desconfiar, pegou a frase e contornando sua forma, seu
pigmento que lhe dava visibilidade, não percebeu o carro que, graças a Deus,
dissera depois, estava numa velocidade pequena, encostou em sua perna, quando
estava atravessando a rua. A batida não fora violenta. O carro apenas encostou
em sua perna, graças ao motorista que a percebendo freio a tempo. O pneu
lançando seu grito marcou o asfalto, chamou a atenção dos passantes.
Horrorizada, caiu num choro compulsivo se controlando depois que o médico lhe
aplicou um calmante. Levada ao hospital dormiu dois dias seguidos e, ao acordar
decidiu: já estava na hora de acabar com tudo isso, disse virando a esquerda.
Silvio não era mais salvação, passava ser perigo.
Não tenho outra pessoa, se um dia tiver outra
pessoa eu te aviso, lhe dissera Silvio quando ele ficou dias e dias sem
telefonar, sem vê-la. Ele não precisaria avisá-la, sei que ele tem outra
pessoa, se assim não fosse eu não correria o risco, e não quero correr risco nenhum
novamente, profetizou.
pastorelli
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