domingo, 12 de outubro de 2014

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Pequenas histórias 119





Realmente não sei

 


Realmente não sei. Queria muito dizer o que penso. Não posso deixar as coisas acontecerem porque devem acontecer, entende? Tudo bem, o que tem que acontecer, acontecerá ou, o que deve ser será, não é assim o ditado? Sim, é isso, mas se esperar as coisas acontecerem porque devem acontecer no momento exato em que elas devem acontecer, acho que ficarei nos atrasos, como posso dizer? Pararei no tempo e quando for me aperceber o que tinha para ser acontecido passou como flecha delineando os contornos de Sagitta e nada poderei retroceder e voltar ao inicio, ao começo das ilusões criando a esperança de realizá-las. Não, realmente não sei. O que dizer quando a chama da paixão invade os campos de trigos chamuscados pelo rigoroso inverno. A fome avança delimitando as forças já reduzidas pela saudade. Caralho! Onde vou parar se não refrear a ansiedade excitada pela chance de conhecer o desconhecido, de conhecer novas amizades? Onde vou parar nessa busca que não sei se haverá um término, um fim. Pensando bem, não quero que tenha um fim, quero que seja eternamente constante essa busca, pois só assim terei a certeza que viverei um dia após o outro. Você me entende? Penso que sim. Aliás, gostaria que me entendesse... E como gostaria! Acho que não me entende assim como eu às vezes não me entendo. Merda! As dificuldades existem para afinarmos nossa sensibilidade, para cristalizarmos nossas falas como a música cristaliza nossos sentimentos em acordes que só a pessoa amada possa entender. E você, me entende? Espero que sim. Bem, até a próxima... Saudades... Se você me telefonasse...

pastorelli

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