Realmente não sei
Realmente
não sei. Queria muito dizer o que penso. Não posso deixar as coisas acontecerem
porque devem acontecer, entende? Tudo bem, o que tem que acontecer, acontecerá
ou, o que deve ser será, não é assim o ditado? Sim, é isso, mas se esperar as
coisas acontecerem porque devem acontecer no momento exato em que elas devem
acontecer, acho que ficarei nos atrasos, como posso dizer? Pararei no tempo e
quando for me aperceber o que tinha para ser acontecido passou como flecha
delineando os contornos de Sagitta e nada poderei retroceder e voltar ao
inicio, ao começo das ilusões criando a esperança de realizá-las. Não,
realmente não sei. O que dizer quando a chama da paixão invade os campos de
trigos chamuscados pelo rigoroso inverno. A fome avança delimitando as forças
já reduzidas pela saudade. Caralho! Onde vou parar se não refrear a ansiedade
excitada pela chance de conhecer o desconhecido, de conhecer novas amizades?
Onde vou parar nessa busca que não sei se haverá um término, um fim. Pensando
bem, não quero que tenha um fim, quero que seja eternamente constante essa
busca, pois só assim terei a certeza que viverei um dia após o outro. Você me entende? Penso que
sim. Aliás, gostaria que me entendesse... E como gostaria! Acho que não me
entende assim como eu às vezes não me entendo. Merda! As dificuldades existem para
afinarmos nossa sensibilidade, para cristalizarmos nossas falas como a música
cristaliza nossos sentimentos em acordes que só a pessoa amada possa entender.
E você, me entende? Espero que sim. Bem, até a próxima... Saudades... Se você me
telefonasse...
pastorelli
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