Caro Belchior,
Você apontou o caminho da liberdade
plena, fugiu da ilusão que cerca a todos nós, para ser livre, bem sei que tens
pressa de viver e por aqui, onde os chiques profissionais nos cercam é
impossível respirar, principalmente, para aqueles que possuem o coração em
carne viva como tu.
Discordando de um jovem compositor,
apenas pelo sabor do gesto, se há dias em que a vida é um ato de coragem, não
seria covardia permanecer engessado pela rotina enquanto a maioria dorme?
Aquele gaúcho influenciado por ti,
disse que ninguém se importa com uma canção, então por que sua obra grita aos
ouvidos sensíveis atentos? Consolando, confortando, entende tão bem das coisas
sem jeito que há lá dentro do peito.
Na metrópole cinza, não se pode ter
medo de abrir a porta, pois a solidão é a vegetação de cactos com a qual sempre
esbarramos, sangramos e seguimos.
Sim, você estava quase certo, pelas
discussões e gestos intolerantes que assolam a nossa pátria, ainda somos os
mesmos e vivemos de maneira um pouco mais retrógrada que os nossos pais. Só não
vê quem vestiu e acreditou na fantasia de pós-moderno!
Pararei de escrever, sei que desejas
que eu saia do teu caminho, também já tive lágrimas nos olhos em ler o Pessoa: Vão para o diabo sem mim/ Ou deixem-me ir
sozinho para o diabo!
1 Comentário
Diálogos em fuga. Todos os dias penso em fugir.
Baita carta.
Abraço!
Postar um comentário