quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

0

COR no ESCURO


“Há na noite uma brecha / sem substância / Onde a luz gesticula...” (Sonia Regina)


Na vida existem dois lados: o claro e o escuro, um bom e outro ruim. O lado claro revela partículas cintilantes; o lado escuro enriquece e deixa o brilho ofuscante. Sobrevivemos em qual lado? Segundo Pedro Du Bois, “A cor / condensa / o sentimento //... comprime a angústia e a despreza // -somos cores divididas.”
A paixão nos surpreende por colorir nossas vidas, comparada com a beleza incomparável da natureza, ela completa o estilo de vida. Embora haja consenso sobre o tema, busco a cor no escuro, no que mostra e esconde. Tenho receio de quanto as demandas individuais são dispersas, mas tenho certeza da importância de compartilhar com as pessoas para manter a parceria com quem gostamos, como em Marisa Barros, ”...Prefiro qualquer coisa sem sombra /No escuro da noite / Assim te encontro e sou mais rosa.”
Não explico a cor no escuro, apenas desafio o escuro: a noite, o medo atingido pela dor revolta o silêncio e, quem sabe, a palavra final. O objetivo é fazer com que se veja sob outra perspectiva; a importância do escuro junto com o claro ao discutir os argumentos porque, ao participar da decisão, elevam-se as opções para descobrir o que se pode fazer com a escolha: influir nas atitudes diante da vida e na relação da cor no escuro, ou clarear para escurecer? Qual é o lado escuro? Fora ou dentro de quê? Lêdo Ivo diz, “Paramos à estrada / da ponte que separa / os mortos e os vivos / e ninguém atravessa / seja no dia claro / ou na noite caída...” Segundo Vera Casa Nova, “A cor revela / Delírios...”
Como sair desse emaranhado se é vital que o dia seja claro e a noite, escura? Amar é claro ou escuro? O mar, o vento e a paisagem são claras como a noite? Imagino e só vislumbro duas possibilidades, uma é descartar o amor em tons pastéis e, a outra, que a noite é clara. Nesse jogo, a imagem de cores desencadeia os sentidos ao refletir a instabilidade emocional e confundir a cor no escuro; como em Lêdo Ivo, “Que rumos é este no escuro das árvores...?”, e em Pedro Du Bois, “... – sou cores realizadas em tina / e represento vontades: claras / escuras amarelas e vermelhas. / Pranteio o antecedente espaço / e me aprofundo em brancos. //... – sou cores fixadas sobre a pedra / e me digo consentâneo em respostas”.

Seja o primeiro a comentar: