domingo, 8 de fevereiro de 2015

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SENTIDOS (sentimentos)


Para Súria Dipp

"Não sei se a vida é curta ou longa demais para nós. Mas sei que nada do que
fazemos tem sentido, se não tocarmos o coração das pessoas". Cora Coralina

Sinto a casa vazia. As lembranças brotam em mim. O silêncio se espalha. Os vultos correm para cá e para lá. Ouço passos e risadas. A batida do coração é forte. Sinto o momento no tempo, como em Álvaro Moreyra, “A ausência enche a casa toda.” Nem se foram e já sinto saudades. Canto e brinco de roda como se ontem fosse: revejo a filha nas netas.
A alegria roda a vida. A vida na passarela na semelhança no andar, dançar e falar. Elas dignificam e revertem o tempo. Sinto o tempo parar, um sonho. O carinho, o abraço, o beijo. Sinto o amor que glorifica o meu estar aqui e agora.
As flores amarelas colhidas com suas pequenas mãos. Lindas como seus sorrisos. Iluminadas como seus corações. O vaso da tataravó. As flores ficam...
Sinto a casa repleta de alegres vozes. As lembranças são poderosas sensações que me faz conviver melhor com o tempo, sem contar que se irradia pelos momentos e fortalece os meus dias. E, a leveza da poesia de Helena Kolody me acompanha: "Tudo o tempo leva./ A própria vida não dura./ Com sabedoria,/ colhe a alegria de agora / para a saudade futura".
Resgato velhos sonhos onde posso aproveitar as expectativas, como também os espaços vazios e me recuperar como “ser para o próprio ser”, como em Álvaro Moreyra “... Criará gente do coração bom, cabeça risonha. Gente que discuta apenas para não parecer que está só... Para distrair as horas vagas...”
Falo na frente de vocês: tudo está dentro da minha cabeça, e isso ninguém me tira. Não tenho medo, ao contrário, tem muito blá, blá, blá. Mas, quando tenho de escolher, os sentidos se manifestam. E, aí começo a mentir para mim mesma.
Nesse momento a vida me exige carinhos e eu sinto necessidade de escolher para manter a felicidade. Olho para o passado e tento compreender a situação do presente como oportunidade para mudar o meu destino. Minha palavra de ordem: quero voltar para casa.

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