domingo, 8 de março de 2015

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Pequenas histórias 132


 
 
 
Ontem, dia treze






Bom dia catorze de maio de dois mil e oito. Faz um tempo que não começo os bons dias com um gostoso e sonoro bom dia, não é? E hoje dia catorze, não é data comemorativa pelo o que eu sei, mas é véspera do dia quinze, dia do adiantamento, do vale, de pagar contas.

Ontem, dia treze, além de ser Dia da Abolição da Escravatura, foi também, o Dia do Automóvel. É o que consta numa agenda de dois mil e sete que encontrei no fundo da gaveta. E no rodapé da página está escrito:


“Da soberba só provém à contenda, mas com os que se aconselham se acha a sabedoria.” – Provérbios, capitulo 13, versículo 10.


Quem foi o primeiro a dizer: hoje é dia disso ou daquilo? Se fosse possível descobrir, não o mataria, pois já está morto, mas acho que jogaria uma maldição no dito cujo, não é por nada não, é que com esse: hoje é dia de tal coisa, tornou-se uma praga. Quase todos os dias é dia de alguma coisa. Umas mais esdrúxulas que a outra. Há dia para tudo. Concordo marcar o dia para um fato importante, que aconteceu, para que não se perca na memória dos esquecidos que só lembram de futilidade do dia-a-dia com suas sacanagens industriais, morais e sexuais, é válido.


Dia do automóvel! Precisa de um dia para se comemorar essa praga que só polui o ar? Reparou que tudo que era um luxo no passado hoje é necessário? O automóvel deixou de ser um luxo para ser um lixo necessário, e o pior, caro. Sempre conduzido por um desastrado que, quando não atropela e mata, se enrosca em escadaria, e outras barbaridades incríveis. Não sou um apaixonado pelo automóvel. E nunca serei.


Catorze de maio de dois mil e sete foi segunda-feira. Logicamente estava trabalhando. O que teria eu escrito nesse dia? Qual seria o foco do meu bom dia? Como eu estava psicologicamente, animado depressivo ou animado antidepressivo? Não sei, quisera ter a mente brilhante e lembrar o que foi sem me preocupar com o que será. O que teria acontecido de importante nesse dia de catorze de maio de dois mil e sete? É preciso consultar os jornais, revistas para saber. Não tenho necessidade, mas seria curioso conhecer os acontecimentos, principalmente importantes.


Talvez eu estivesse perambulando nos intricados caminhos da descoberta que em você me encontrei. Quem sabe tenhamos cruzados nossos passos libertando a paixão aprisionada no labirinto do dia-a-dia. Acredito que tudo tenha sido assim, e assim, vamos caminhando registrando nossos corpos no astral lógico da existência sincera que há em nossos sorrisos.


pastorelli

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