Dezesseis de maio
Dezesseis de maio de dois
mil e oito.
“Os homens do campo são
ótimos trabalhadores, mas sofrem crises de desânimo quando não trabalham em sua
própria terra.” – Cornélio Pires.
Dezesseis de maio, dia do
Gari, dia da Margarida como são chamadas as mulheres que no dia-a-dia, às vezes
sob um sol clemente, varrem as principais ruas da cidade, varrem as sujeiras
dos porcos que não tem conscientização de limpeza nem de higiene.
Dezesseis, sexta-feira, mais
uma sexta para a alegria dos apressados que vivem antecipadamente.
Dezesseis sexta-feira de
impaciência crônica resvalando para o suicídio intelectual da palavra onde o
silencio imobiliza os passos.
Dezesseis sexta-feira que de
normal tem seus intricados meandros revelando, no ato de cada um, o mistério a
quem possa interessar.
Dezesseis, sexta-feira de
fome a correr o desejo perdido em infrutíferas procura pelos bares imundos de
falas que se masturbam nos cantos da solidão.
Dezesseis, sexta-feira em
que sua ausência se faz presente na minha agenda sem compromissos por cruzar
outros caminhos não mais paralelos aos meus.
Dezesseis, sexta-feira, é
sexta-feira o que me diz nesse esplendor luminoso do meio dia?
Dezesseis, sexta-feira não
há nada para me dizer, eu é que tenho de captar sua fragrância cósmica e
traduzir conforme os sentimentos que me conduzem.
Dezesseis, sexta-feira,
minha sexta-feira caminharei entre os bares até o amanhecer do sábado para na
segunda recomeçar toda a minha caminhada.
Dezesseis, sexta-feira única
revitalizando meus sentimentos para construir o alicerce literário da minha
obra.
Dezesseis, sexta-feira que
venha sempre, nunca me falte com sua presença, minha adorada sexta-feira.
Triste Margarida
(ou Samba do Metrô)
Adoniran Barbosa
Você está vendo aquela mulher que tá indo ali
Ela não quer saber de mim
Sabem por quê?
Eu menti pra conquistar seu bem querer
Eu disse a ela que eu trabalhava de engenheiro
Que o metrô de São Paulo estava em minhas mãos
E que se desse tudo certo
Ela seria a primeira passageira na inauguração
Tudo ia indo muito bem até que um dia
Até que um dia
Ela passou de ônibus pela via 23 de maio
E da janela do coletivo me viu
Plantava grama no barranco da avenida
Hoje fiquei sabendo que ela é orgulhosa, convencida
Não passa de uma triste Margarida
Orgulhosa, convencida
Não passa de uma triste Margarida
pastorelli
Ela não quer saber de mim
Sabem por quê?
Eu menti pra conquistar seu bem querer
Eu disse a ela que eu trabalhava de engenheiro
Que o metrô de São Paulo estava em minhas mãos
E que se desse tudo certo
Ela seria a primeira passageira na inauguração
Tudo ia indo muito bem até que um dia
Até que um dia
Ela passou de ônibus pela via 23 de maio
E da janela do coletivo me viu
Plantava grama no barranco da avenida
Hoje fiquei sabendo que ela é orgulhosa, convencida
Não passa de uma triste Margarida
Orgulhosa, convencida
Não passa de uma triste Margarida
pastorelli
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