quarta-feira, 8 de julho de 2015

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NO SILÊNCIO DA DÚVIDA


“Não era o poema uma secreta transação,
uma voz respondendo a outra voz?” (Virgínia Wolff)


Não há nada mais possível que o silêncio da dúvida. Odeio a dúvida! É comum passar por períodos de dúvidas. Mas qual a razão para se ter tantas dúvidas, senão a fantasia do viver, do amor, do sucesso, do medo, contribuindo para as preocupações do dia a dia, e a falta de dinheiro? Gilberto Cunha pergunta “Quem somos nós? – Difícil ter clareza de que aquilo que somos, em um dado momento, não pode ser dissociado do nosso entorno (coisas e pessoas); ou “Porque os sabiás cantam?”
Tentar compreender a influência desses fatores pode trazer de volta a certeza. A comunicação, o cuidado ao falar sem julgamento prévio ou precipitado tem efeito mágico no silêncio da dúvida. O desejo de liberdade - não cobrar e nem impor atitudes - revê a dúvida para se identificar. Trocar ideias com os amigos sem perder a poesia, resolver os imprevistos e com eles a dúvida, do sim e do não. Resolver pendências e colocar-se à frente da situação, não evita a dúvida, apenas impede alguns incômodos. Resolver as diferenças em vez de cultivá-las, faz desaparecer a dúvida. Carmen Presotto diz que “A vida é esta dúvida / que agora me pergunta // - onde caibo em ti?”
Quantas vezes suspiramos nossas dúvidas em silêncio? Qual o segredo para se libertar de antigos padrões e ganhar autonomia para superar a dúvida? Ao esclarecer as pendências, evita-se o silêncio da dúvida e o confronto com os desafios: amar a si mesma para ser amada; concentrar-se no objetivo e planejar é buscar recursos para a decisão. Manoel de Barros reflete,“...Pois como não tomar banho nu no rio entre pássaros?”
No silêncio da dúvida, a verdade muitas vezes tem gosto de sal grosso ao descobrirmos que, para acreditar, é necessário construir o pensamento na certeza como princípio, transparência e aceitação, porque quando estamos em dúvida os valores servem de escudo e irradiam a visão claríssima da certeza e energia criadora.
Tudo se define ao rever o modo de como lidamos com a dúvida: “na dúvida não ultrapasse”, ou no não se fechar entre os dias, depende da habilidade em como a enfrentar: fase marcada por mudanças, na visão de Antônio Olinto, “...Por que ter / ser Determinada forma / pele / capa / De vida...// Nu, frágil e só, / Desfazer o nó / Das coisas?”

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