É verdade. Vinícius e Tom escorregaram na norma culta, mas o nosso pacote de turismo interplanetário se encarregará de consertar o erro de português. Ou a licença poética, como queiram. Durante toda a viagem, a bordo de estofadíssima espaçonave, os pombinhos recém-casados terão como ininterrupto fundo musical "Eu sei que vou amar-te", regravação da belíssima porém gramaticalmente equivocada "Eu sei que vou te amar".
A terráquea e miseravelmente comum lua de mel se transformará em inesquecível lua de Marte, podendo os nubentes optarem por uma esticadinha até uma das duas luas do planeta vizinho, Phobos e Deimos. Tanto em uma quanto na outra, encontrarão uma serenidade ainda maior do que em solo marciano, tão visado pela mídia dos humanos nos últimos tempos. Além do que não há sondas da NASA vasculhando as luas de lá, o que é uma garantia da mais de plena privacidade.
Vermelho é a cor da paixão, e o planeta escarlate não poderia ser melhor cenário para momentos de fogo e volúpia, capazes de avermelharem de vergonha todo o sistema solar e quiçá as galáxias das redondezas. Dunas e montes ainda virgens do contato humano acolherão os corpos dos casais e ouvirão suas juras de amor eterno. Após saciada a carne, um revigorante banho com a água salgada recentemente descoberta. A mesma água encontrada nas paradisíacas praias do Pacífico estará aguardando os dois (quem sabe três, a essa altura dos acontecimentos).
Ao abrirem a janela da suite nupcial e darem com a linda visão da terra, bem distante, onde ela sempre deveria estar, e sentindo a indescritível delícia de ser humano longe de quaisquer outros exemplares da espécie, vai ser difícil querer voltar. Já prevendo essa possibilidade, levaremos um provimento extra de oxigênio, água potável e comida para pelo menos 16 dias a mais em solo marciano. Lembrando mais uma vez que o nosso pacote, no trajeto de retorno, inclui uma deslumbrante escala de três horas e meia nos anéis de Saturno.
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