quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

MÁSCARA e MASCARADOS
por Tânia Du Bois

“Brasileiro é alegre, um ser
dotado de musicalidade incrível”
(Bibi Ferreira)

Carnaval é a festa onde temos a oportunidade de fantasiar histórias reais, pelo menos por alguns dias, fazendo do mundo em que habitamos um mundo encantado. Aproveitamos o carnaval para descobrir momentos e passatempos com pessoas alegres, dançando e fazendo dançar nossas fantasias.
Chico Buarque em A Noite dos Mascarados, de 1967, canta o tema para brincarmos sem medo no carnaval, fugindo da determinação da vida e permitindo-nos viver o nosso querer e o colocar na passarela. “Quem é você // ... hoje os dois mascarados // ... Mas é carnaval / Não me diga mais quem é você // ... deixa o dia raiar / Que hoje sou eu / Da maneira que você quer/ O que você pedir / Eu lhe dou / Seja você quem for..."
A máscara esconde o tempo e o transforma, muitas vezes, em passado inesquecível, retornado em horas que chegam ao carnaval em plano pessoal, o que motiva, desafia e ainda diverte, como retratam Zé Kéti e Elton Medeiros: “... É só nos carnavais / encontrava-te sem encontrar este teu lindo / olhar... / na esperança de que tivesse esta máscara / que sempre me fez mal / mal que findou só / depois do carnaval.”
Os mascarados encontram inspiração para reinventar os dias de carnaval em cores de alegria, como símbolos da criação, como Carybé, um dos pintores que melhor retratou a beleza da alma e da vida baiana, sempre presente na arte popular. Também em Romero Brito, que através da sua arte alegre e colorida, criou personagens inspirados no carnaval do Nordeste e do Rio de Janeiro. Assim, inspirado, Francisco Alvim descreve, “Carnaval // Sol //... O mundo, uma fantasia...”.
Os mascarados fazem do carnaval o espaço para se sentirem livres e transformarem aqueles dias no embalo pelas passarelas, durante os desfiles. O sucesso do carnaval reside na insistência e no prazer em participar e estrelar com personalidade e talento que, muitas vezes, falta nos dias comuns. É preciso ter vontade e coragem para ser carnavalesco, no entanto, com as máscaras, tornam-se desconhecidos para quem tudo se torna permitido: novos amigos, novos passos, muita purpurina e plumas, como na marchinha de Zé Kéti e Pereira Mattos, “Quanto riso, oh / Quanta alegria //... Na mesma máscara negra / que se esconde teu rosto / eu quero matar a saudade / vou beijar-te agora / não me leve a mal / hoje é carnaval.”

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