terça-feira, 1 de março de 2016

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Pequenas histórias 197

Abriu o guarda-chuva.



Abriu o guarda-chuva de cinco reais. Logo viu o quanto perecível era o guarda-chuva de cinco reais. Abriu o guarda-chuva. Precisava abrir. Não parava de chover. Saiu na hora do almoço sem guarda-chuva. Não se molhou porque vestia a jaqueta jeans a qual, abotoou até o pescoço, no entanto a cabeça recebia os pingos, nem grossos e nem finos, do que parecia ser uma chuva. Foi então que reparou. Nesses momentos de transtornos, como a chuva, as pessoas ficam mais agitadas, os carros se avolumam, o brilho individual se espelha nas poças de águas acumuladas pela calçada desregular. Saiu do prédio sem saber se estava ou não chovendo. Saiu. Enfrentou os pingos da água que caia das nuvens, apesar de que não se via nuvens nenhuma, mesmo assim, abotoou a jaqueta jeans e enfrentou a chuva. Claro, como sempre foi preciso desviar dos guarda-chuvas com suas ponteiras assassinas. E bravamente, como herói arqueológico, foi desviando dos algozes pontas. São e salvo chegou ao restaurante. Só o ralo cabelo estava meio úmido. Passou o braço da jaqueta nos cabelos procurando secá-los.
O restaurante com sua capacidade meio cheia, não querendo, estavam com pressa, precisou esperar uma mesa. Por sorte, uma no canto foi logo desocupada. Dirigiu-se para lá. Sentou. Fez o pedido. Amassou a pimenta no prato e passou lentamente a saborear o pão molhando-o na pimenta.
Bem, encurtando a história. Logo chegou o prato pedido. Comeu, pagou e saiu do restaurante. Passou pelo vendedor de guarda-chuvas de cinco reais, comprou um e alegremente foi embora. Entrou no prédio, esperou uns longos segundos pelo elevador. Assim que ele chegou pressionou o andar, e assim que ele chegou ao quinto andar, saiu, abriu a porta de vidro, passou o cartão na máquina (?) e dirigiu-se a sua baia. Não sou cavalo, pensou. Ligou o micro, escreveu essas palavras grotescas, colocou o ponto final. Fechou mais uma vez o World. E mesmo não querendo, se pôs a trabalhar. Que merda!


pastorelli

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