sábado, 7 de maio de 2016

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CARTA PARA UM AMIGO

Querido amigo,
Se há o vazio, talvez seja porque estamos nos posicionando como seu recipiente, é preciso permitir a queda e junto com a aparente tragédia dos cacos que se espalham pelo solo, alcançar a fuga para além das fronteiras que nos divide em pessoas. E-U é uma combinação pesada de letras, sejamos toda a raça humana.  
Não foquemos na casca da fruta que nos protege da boca da vida! Integrar o sopro que vare as sementes para um campo indefinido, onde arbustos, pacientemente, fora do tempo-prisão, espiam o entorno, mudando o foco com o ganho da altura, recebendo pássaros e suas melodias gratuitas, ligando-se a terra por meio das raízes.
Não quero negar que existam os descaminhos, mas é como quando acordamos no meio da noite e os óculos estão distantes da cabeceira da cama, aí precisamos ousar passos imprecisos, auxiliados pela trêmula paisagem do ambiente estranho que se torna o próprio lar.



1 Comentário

ligia

somos um lar de vazios, e ampliamos as lacunas ...belo texto!!