Não há mais
Não há mais humor na vida. Nada. Nada. Nada. Poderia repetir milhões de vezes “nada” que era pouco. Emoções secaram a alma. Encurralado no sentir afogado da paixão, via-se perdido na calçada fria da pele. Vinha percorrendo sensações diversas. Umas o levavam ao destino ingrato de se sentir culpado; já outras, o deixavam satisfeito. No peito carregava o temor das eventualidades as quais não podia evitar. E quando as evitava, era tomado por um terror de insegurança e mal estar, como se fosse dele as causas acontecidas. Compulsivo roedor de unhas foi em auxilio da psiquiatria sem que solucionasse o problema.
Aterrorizado olhou o prato. Limpo. Limpo
branco sem mais nada. Como conseguira comer tanto se não estava esfomeado? Foi
algo surpreso, não era sua ultima refeição. Será que era? Só porque dali a três
dias iria fazer exames complicados? Estava se sentindo diferente? Sim, estava.
A sensação dava-lhe outra perspectiva diferente da sentida no momento. Olhou
para o abstrato que o envolvia e, concluiu: não sou mais o que era mesmo que o
pudor demonstrasse que nada se modificou.
Assim, quieto se enovelou nos sons do meio-dia,
captou a música dos passos ensurdecedores. Guardou na palma das fibras, o calor
das vozes estridentes consumidas nos faróis aparando vidas. Recolheu na pele a
emotividade de cada transeunte e, adormeceu estirado no parque dos prazeres
conjugando com Satã o fogo que o consumia.
pastorelli
pastorelli
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