A redoma de vidro.
Litiu teimava com a irmã por ela não acreditar em suas palavras. Nunca fora de mentir, sempre dissera a verdade por mais que cruel que fosse a verdade. Dizia para irmã:
- Você precisa ir lá
comigo, já que não quer acreditar no que digo.
- Ah! É absurdo isso. Não vou não.
- Ah! É absurdo isso. Não vou não.
- Mas estou lhe dizendo
que é verdade! Por que não quer acreditar?
- Olha vou lhe dizer uma coisa.
- Olha vou lhe dizer uma coisa.
- Diga.
- Vamos aproveitar que
ainda não somos os escolhidos, enquanto podemos, depois acabou, vamos ser
chamado para a seleção e não sabemos o que poderá nos acontecer.
- Escolhidos...
- Por que não? Ou você
pensa que vai ser mandado para outro planeta como papai?
- Não sei. Aliás, nem sei
o que quero.
- Então se não sabe nem o
que quer, como quer que acredite em você.
- Não quer mesmo ir comigo? Só até o começo da rua.
- Não quer mesmo ir comigo? Só até o começo da rua.
- Se você continuar
insistindo vou contar para a monitora.
- Não, pelo amor de qualquer coisa, não faça isso. Será a nossa ruína. Aí que não seremos escolhidos mesmo.
- Não, pelo amor de qualquer coisa, não faça isso. Será a nossa ruína. Aí que não seremos escolhidos mesmo.
- Credo! Que nervosismo é
esse? Não precisa gritar.
- Você é burra.
- Olha como fala comigo,
sou tua irmã.
- Como desejaria que
fosse um irmão.
- É não sou. Quem decidiu
que eu fosse tua irmã foi à Casa de Procriação, portanto se contente comigo.
- Casa de Procriação...
- Você parece que não dá
pelotas para o sistema, não é?
- O caso é que estamos
sendo enganados, estamos presos dentro de uma redoma de vidro.
- Litiu você é um
piadista mesmo.
- Está bem, não falemos
mais nisso.
- Acho bom.
Litiu ficou observando a
irmã se distanciar. Porque tinha que ser tão burra assim? Não era nada
compreensiva. Porque irmãos não acreditam em irmãos?
Litiu, naquele dia em que
o sol estampava os cantos da cidade, observava os prédios altos, imponentes
que, com sua grandeza, substituíram as casas. Não havia mais nenhuma construção
desse tipo que se podia entender como casa. Ele não conhecia, viveu sempre
entre os grandiosos prédios.
E, naquele dia como todas as manhãs, Litiu pedalava despreocupado, procurando mecanicamente cumprir sua função para o bom andamento do sistema, como pregoava os altos falantes, estrategicamente localizados pela cidade.
E, naquele dia como todas as manhãs, Litiu pedalava despreocupado, procurando mecanicamente cumprir sua função para o bom andamento do sistema, como pregoava os altos falantes, estrategicamente localizados pela cidade.
Tendo uma constituição
física preparada, Litiu conseguia pedalar por horas seguidas sem se cansar. Com
a bicicleta ajustada, os controles nivelados conforme a graduação dos
exercícios realizaria facilmente o percurso. Antes de sair, estabelecera o
trajeto imposto pela coordenadora, o qual tinha que cumprir dentro de tempo
determinado. Estava duas horas ou mais pedalando, quando sem perceber, a roda
dianteira passou por cima de uma pequena pedra. Ele tentou firmar o guidão, mas
descontrolado, não conseguiu, virando para esquerda, jogando-o para direita.
Seu corpo descreveu inusitado giro no espaço brilhoso pelo sol. Em seguida,
feito boneco caiu no meio da rua e, sentiu-se escorregar sem que pudesse
enxergar nada. Por uns três minutos, seu corpo rodou batendo numa parede ao fim
da rua.
Litiu permaneceu imóvel. Atordoado, procurou saber o que lhe acontecera. Lentamente ergueu o corpo. Tinha rolado a ladeira quase íngreme. Desvencilhou-se da enorme faixa que se enrolara em seu corpo. Com dificuldade conseguiu ler os dizeres na faixa:
Litiu permaneceu imóvel. Atordoado, procurou saber o que lhe acontecera. Lentamente ergueu o corpo. Tinha rolado a ladeira quase íngreme. Desvencilhou-se da enorme faixa que se enrolara em seu corpo. Com dificuldade conseguiu ler os dizeres na faixa:
“Proibido ultrapassar.”
Jogou a faixa. Olhou para
cima. Como tinha rolado lá de cima? Não sabia. Apoiou-se... O que era?
Desnorteado viu que estava no meio da rua. Apoiava-se onde, se estava no meio
da rua? A sua direita estava uma das calçadas, a sua esquerda estava outra. Olhou
para trás... A rua continuava, mas ele não conseguia ir adiante, havia algo
invisível que não deixava passar. O que seria isso? Nisso teve a nítida
impressão de ouvir vozes. De onde vinha esse som de vozes se estava numa rua
deserta? Foi então que reparou passando a mão. Tinha diante dele uma parede de
vidro, mais precisamente de espelho refletindo a rua e as casas, mas era um
espelho especial, pois ele não se via refletido. Seus olhos interrogadores
notaram uma falha na imagem refletida. Olhou em volta. Pegou uma pedra e raspou
aumentando a pequena falha. O que viu deixou estarrecido. Não podia ser? O que
era aquilo? Gente? Bicho? Não conseguia distinguir, estavam totalmente cobertos
por grossas roupas que, parecia protegê-los do vento. Foi quando um deles se
virou e olhou-o nos olhos. Litiu rapidamente se afastou ao mesmo tempo em que o
outro também se afastava. Parecia que nem um e nem outro esperava por aquilo. O
primeiro pensamento de Litiu foi correr. Não viu quando o outro retirou um
aparelho do bolso parecendo que transmitia uma ordem ou aviso.
Litiu rapidamente chegou ao topo da rua. Pegou a bicicleta e rapidamente se afastou do local. Passou dias e dias excitado, angustiado, precisava contar para alguém. Talvez, Litia o entenderia. Resolveu procurar a irmã.
Litiu rapidamente chegou ao topo da rua. Pegou a bicicleta e rapidamente se afastou do local. Passou dias e dias excitado, angustiado, precisava contar para alguém. Talvez, Litia o entenderia. Resolveu procurar a irmã.
Litiu fitava o teto cinza
do quarto. Estava numa imobilidade a beira da dissolvência do pensamento.
Sentia-se culpado. Conseguira convencer Litia a ir com ele. Assombrada, ela
constatou a rua em declive, a parede de vidro no final do declive, as pessoas
do outro lado olhando para eles. Não quis acreditar. Litiu no mapa da cidade
demarcou as ruas proibidas, e ela pode ver que os pontos faziam um circulo, uma
esfera. A partir disso, decidiu segui-lo. E ali estava a prova. Realmente havia
uma parede de vidro, de espelho ou sei lá o que.
E por causa dessa incursão temerária estava
olhando o teto cinza. Para onde levaram Litia? Não sabia. Por mais que
perguntasse, não respondiam. Separaram os dois quando corria ladeira acima.
Litia escorregara, ele voltou para ajudá-la e, os dois foram pego. Sentia-se
culpado, não devia ter envolvido a irmã nisso, já que ela acreditava no
sistema. Agora o que aconteceria com eles? Pode ver pela fresta da janela do
veículo, que estava sendo levado para a Casa de Criação. Ele foi num veículo e
Litia fora em outro. Será que ela veio para a Casa de Criação? Não sabia dizer.
Fechou os olhos procurou dormir.
Nisso, a porta abriu.
Sonolento abriu os olhos e viu uma moça nua no meio do quarto. Sentado na cama
reparou que também estava nu. Encolhida a moça procurava esconder suas partes
se encolhendo num dos cantos do quarto. Litiu não sabia como proceder. Vazio o
quarto, tendo apenas uma cama, observou a moça. Morena, bonita, cabelos curtos,
silenciosa chorava. Pensou em se aproximar. Nisso, uma voz soou falando
pausadamente.
- Vocês estão aqui para procriarem. Se dentro de dois dias a moça não ficar grávida, seremos obrigados a fecundar a moça queiram ou não.
A voz silenciou e a quietude venceu os espaços. A moça encolhida começou a chorar baixinho. Litiu tentou dizer alguma coisa, mas nada saiu da sua boca. E o que poderia dizer? Não sabia o que dizer. Sendo assim se aproximou. Colocou a mão em seu ombro esquerdo. No mesmo instante ela parou de chorar. Olhou para ele, timidamente sorriu. Litiu pegou na sua mão levemente. Sorriu também, um sorriso meio triste, meio sem jeito. A moça levantou-se e seguiu Litiu até a cama. Obedecendo a um impulso desconhecido, como se soubesse como deveria fazer, deitou-se na cama. Litiu colocou-se ao seu lado e lentamente começou a alisar seus seios...
- Vocês estão aqui para procriarem. Se dentro de dois dias a moça não ficar grávida, seremos obrigados a fecundar a moça queiram ou não.
A voz silenciou e a quietude venceu os espaços. A moça encolhida começou a chorar baixinho. Litiu tentou dizer alguma coisa, mas nada saiu da sua boca. E o que poderia dizer? Não sabia o que dizer. Sendo assim se aproximou. Colocou a mão em seu ombro esquerdo. No mesmo instante ela parou de chorar. Olhou para ele, timidamente sorriu. Litiu pegou na sua mão levemente. Sorriu também, um sorriso meio triste, meio sem jeito. A moça levantou-se e seguiu Litiu até a cama. Obedecendo a um impulso desconhecido, como se soubesse como deveria fazer, deitou-se na cama. Litiu colocou-se ao seu lado e lentamente começou a alisar seus seios...
pastorelli
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