Ela chegou
Ela chegou bem perto dele e, baixinho disse:
- Coloca água no pote?
Colocar água no pote! Ué, por quê?
- Sempre coloquei se você quer saber. Por que
agora vem pedir para colocar água no pote? Coloque você. – respondeu com a voz
meio alterada.
Demonstrando indiferença, deu-lhe as costas e
entrou no quarto. Dois segundos depois, estava roncando que nem...
Furioso pressionou as teclas do teclado além
da sua força. Sabe o que é isso? Culpa dessas modernidades. Deixam as mulheres
preguiçosas. Ela que pegasse a água da torneira mesmo, fervesse no fogão e
fizesse o seu maldito café. Não, quer a água do pote, filtrada para colocar na
cafeteira, ligar e pronto, dali a cinco minutos o café pronto. Pronto! Sem
açúcar, precisava acrescentar o açúcar na xícara. Tudo diferente. Tudo para
deixar as mulheres cada vez mais preguiçosas.
Lembrava-se da mãe. Colocava a caneca de água
no fogão a lenha. Deixava ferver bem a água. Enquanto esperava a água ferver,
preparava o coador de pano, colocava o café moído junto com o açúcar e, assim
que água fervia, despejava dentro do coador de pano. Uhm! Que cheiro delicioso!
Isso que era café! To sentindo o cheiro aqui nesta balbúrdia da Avenida
Paulista. Como era delicioso. Quentinho e fresco. Chegava a tomar dois ou três
copos de tão gostoso que era.
Hoje é diferente. Tem até café para dissolver na água
quente. O chamado café instantâneo. Gosto forte, intragável.
- Coloque água no pote.
- Ah! Coloque você, oras bolas.
pastorelli
Seja o primeiro a comentar:
Postar um comentário