quinta-feira, 23 de março de 2017

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Adrenalina pura


         
Este texto apresenta uma seleção dos meus versos prediletos de “Surto Poético Delirante”, livro da minha Amiga e Poeta Ana Lyra, Colecção World Art Friends IV, Corpos Editora, ISBN: 978-989-617-577-1, cuja primeira edição é de outubro de 2009.
        
“Surto Poético Delirante” transita, em doses exatas, de sentimento e de intensidade. É adrenalina pura na forma de versos. Inspire-se Você lendo!
        
AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA
PREFÁCIO
Uma manifestação artística, de uma forma quase cística, do meu eu poético. Os mundos dentro de mim em mutante processo estético, fecundo, em verso rimado, cada substantivo, verbo e artigo, lado a lado, loucos, entrelaçados aos poucos, em som encadeado.
Do meu “Eu” torno-me turista, nesta viagem altruísta, curando-me no verbo que minha alma ecoa. Acordo amando Fernando Pessoa.
NNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNN
UNI-VERSO
O dia foi em verso
pensando em verso
um modo de entender o universo
e o universo é vasto
é um sentimento
os pensamentos, em fileiras
foram se organizando
e o universo se revelando
em muda escrita
minha língua favorita
AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA
OS CORPOS
seguem o amor do tempo
os corpos são só momentos
a alma eterna nunca some
já os corpos um dia
serão mortos
e as almas
portos
para outros corpos
LLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLL
AFETOS SEM TETOS...
é isso... um estado novo
recém formado...
de afetos desencontrados
que estão aí no teu coração
se debatendo em entrópica dança
afetos em caixinhas
organizados
nos escaninhos da sociedade
afetos de verdade
selecionados por uma rede
pendurados na parede
exacerbados momentos
da alma movimentos
afetos mansos e violentos
afetos sem dor
geradores de calor
buscando um super condutor que lhes dê vazão
YYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYY
O QUE FOI SEM NUNCA TER SIDO
vou fazer uma promessa
prometo não ter mais pressa
e nunca mais cortar o cabelo
enquanto não puder tê-lo
vou ficar sozinha
numa vida só minha
de amor e desvelo
vou ficar me poupando
enquanto o tempo vai passando
na espera de tê-lo
vou ficar em metade
aguardando oportunidade
de ver-te em pelo
vou ficar todo o dia
em serena agonia
espera incessante
RRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRR
NÃO QUERO AMOR DE LUA
deixas as horas incertas
pões-me em desalinho
deixas-me ave sem ninho
voando sem descanso...
embaça-me a visão
acelera o coração
faz-me adiantar a viagem
não quero outra paisagem
além de teu corpo
absorto no meu
servindo de cenário
que passou por entre o tempo
e não morreu
que seja amor de loucura
não morro ser um dia ser tua
ter o meu corpo no teu
AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA
A MÃE QUE HOUVE
foi a mãe que te coube
não me perguntes o que houve
é sorte finalmente
é por onde deixas de ser morte
e voltas a ser gente
julgo inconteste
minha decisão
já havias nascido
dentro do meu coração
e, crescido,
agarrado em minha mão
AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA
LUIZA
és sabia profetiza
analisas a vida
com propriedade
és minha filha querida
parida
na adversidade
quero ser tua mãe
amiga e parceira
te ensinar a ser feiticeira
transformar sonho em realidade
a guia que te levará
a conhecer o mundo
e a inventar a realidade
NNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNN
INTENSIDADE
sou intensidade
momento de pico, ápice
bebo a vida agora
tudo, entorno o cálice
um segundo me é uma hora
vivo diferente da velocidade lá fora
sou esgotamento
rápido, veloz e atroz
por isso, às vezes tormento
vivido não só por mim
por todos após
AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA
SEPARAÇÃO
disse “adeus!”
peguei meus filhos (os teus)
e depois só desencanto
de lágrimas teci um manto
enquanto os pequenos dormiam
no meu leito de pano e pranto
e fui levando, levando, remando,
te chorando a cada triste noite
fria, gelada, nua, te suando,
ardendo em chagas sem mais o teu açoite
e agora, da derradeira hora
onde já tudo é confesso
(em nosso surreal universo)
observo e vejo, ah, como vejo...
como suspiro, não mais grito
(nem trovejo)
sou no máximo um vento leve
um suave ar em movimento
e, que de nós, humanos sós
sobrou apenas frouxos nós
epiléticos movimentos patéticos
imotivados e sem nexo
usualmente chamados de sexo
LLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLL
A TI QUE ME VISITAS EM MEU LEITO RAREFEITO
carreguei-te com todo o cuidado dentro do peito
deitei-me com o coração cortado no meu frio leito
trazia-te imaginado, lindo, perfeito e distante
meu amor errante, irascível, louco e dilacerante
tua luz me invade, doce Marques de Sade, surgido deste abismo
me desvendas, me revelas, me penetras, pelo teu psiquismo
termina a senda desta dor em fenda que arde e me afasta
nada mais me afasta, nem me arrasta, ou deixa-me casta
YYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYY
AMOR PRÓPRIO PARTIDO
aceito-te, mesmo pouco e rarefeito
um amor que poderia ser perfeito
desfaz-se, cresce a cruz, perco o dia
mas insistes, persistes em minha cama
és-me triste, perdido tu, em tua fama
me amas? ou só tu, ainda em chamas?
RRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRR
BOM DIA!
olhos de manhã de sol de verão
meus olhos de noite se ofuscam
com o teu brilho no esplendor matutino
de teu espetáculo de luz e som
és meu palco de pele onde danço
e sou a mulher de olhos de noite
com cabelos soltos de açoite
apaixonada pelo homem de sol
num encontro proibido
por leis físicas, tísicas e universais,
onde um existe, o outro não mais...
AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA
“NEURO-POEMA” DE AMOR
queria girar em teus giros
povoados de papiros secretos
abstratos e concretos
do teu intelecto inquieto
passear por teu encéfalo que me espanta
absorve-me e encanta
a cada contato abstrato
que tenho contigo
queria ser imagem nua, crua (e só tua)
povoando seu sistema límbico
queria ser o químico mediador
que estimula o teu hipocampo
preencher-te de encanto
modulando qualquer dor
quem sabe assim, descubra no fim
uma via, um caminho, uma mão
um giro, uma circunvolução
onde possa tatuar com amor
meu nome em teu coração
         
        
       

           

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