Este texto apresenta
uma seleção dos meus versos prediletos de “Surto Poético Delirante”, livro da
minha Amiga e Poeta Ana Lyra, Colecção World Art Friends IV, Corpos Editora,
ISBN: 978-989-617-577-1, cuja primeira edição é de outubro de 2009.
“Surto Poético
Delirante” transita, em doses exatas, de sentimento e de intensidade. É
adrenalina pura na forma de versos. Inspire-se Você lendo!
AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA
PREFÁCIO
Uma manifestação
artística, de uma forma quase cística, do meu eu poético. Os mundos dentro de
mim em mutante processo estético, fecundo, em verso rimado, cada substantivo,
verbo e artigo, lado a lado, loucos, entrelaçados aos poucos, em som encadeado.
Do meu “Eu” torno-me
turista, nesta viagem altruísta, curando-me no verbo que minha alma ecoa.
Acordo amando Fernando Pessoa.
NNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNN
UNI-VERSO
O dia foi em verso
pensando em verso
um modo de entender o
universo
e o universo é vasto
é um sentimento
os pensamentos, em
fileiras
foram se organizando
e o universo se
revelando
em muda escrita
minha língua favorita
AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA
OS CORPOS
seguem o amor do
tempo
os corpos são só
momentos
a alma eterna nunca
some
já os corpos um dia
serão mortos
e as almas
portos
para outros corpos
LLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLL
AFETOS SEM TETOS...
é isso... um estado
novo
recém formado...
de afetos
desencontrados
que estão aí no teu
coração
se debatendo em
entrópica dança
afetos em caixinhas
organizados
nos escaninhos da
sociedade
afetos de verdade
selecionados por uma
rede
pendurados na parede
exacerbados momentos
da alma movimentos
afetos mansos e
violentos
afetos sem dor
geradores de calor
buscando um super
condutor que lhes dê vazão
YYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYY
O QUE FOI SEM NUNCA
TER SIDO
vou fazer uma
promessa
prometo não ter mais
pressa
e nunca mais cortar o
cabelo
enquanto não puder
tê-lo
vou ficar sozinha
numa vida só minha
de amor e desvelo
vou ficar me poupando
enquanto o tempo vai
passando
na espera de tê-lo
vou ficar em metade
aguardando
oportunidade
de ver-te em pelo
vou ficar todo o dia
em serena agonia
espera incessante
RRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRR
NÃO QUERO AMOR DE LUA
deixas as horas
incertas
pões-me em desalinho
deixas-me ave sem
ninho
voando sem
descanso...
embaça-me a visão
acelera o coração
faz-me adiantar a
viagem
não quero outra
paisagem
além de teu corpo
absorto no meu
servindo de cenário
que passou por entre
o tempo
e não morreu
que seja amor de
loucura
não morro ser um dia
ser tua
ter o meu corpo no
teu
AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA
A MÃE QUE HOUVE
foi a mãe que te
coube
não me perguntes o
que houve
é sorte finalmente
é por onde deixas de
ser morte
e voltas a ser gente
julgo inconteste
minha decisão
já havias nascido
dentro do meu coração
e, crescido,
agarrado em minha mão
AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA
LUIZA
és sabia profetiza
analisas a vida
com propriedade
és minha filha querida
parida
na adversidade
quero ser tua mãe
amiga e parceira
te ensinar a ser
feiticeira
transformar sonho em
realidade
a guia que te levará
a conhecer o mundo
e a inventar a
realidade
NNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNN
INTENSIDADE
sou intensidade
momento de pico,
ápice
bebo a vida agora
tudo, entorno o
cálice
um segundo me é uma
hora
vivo diferente da
velocidade lá fora
sou esgotamento
rápido, veloz e atroz
por isso, às vezes
tormento
vivido não só por mim
por todos após
AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA
SEPARAÇÃO
disse “adeus!”
peguei meus filhos
(os teus)
e depois só
desencanto
de lágrimas teci um
manto
enquanto os pequenos
dormiam
no meu leito de pano
e pranto
e fui levando,
levando, remando,
te chorando a cada
triste noite
fria, gelada, nua, te
suando,
ardendo em chagas sem
mais o teu açoite
e agora, da
derradeira hora
onde já tudo é
confesso
(em nosso surreal
universo)
observo e vejo, ah,
como vejo...
como suspiro, não
mais grito
(nem trovejo)
sou no máximo um vento
leve
um suave ar em
movimento
e, que de nós,
humanos sós
sobrou apenas frouxos
nós
epiléticos movimentos
patéticos
imotivados e sem nexo
usualmente chamados
de sexo
LLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLL
A TI QUE ME VISITAS
EM MEU LEITO RAREFEITO
carreguei-te com todo
o cuidado dentro do peito
deitei-me com o
coração cortado no meu frio leito
trazia-te imaginado,
lindo, perfeito e distante
meu amor errante,
irascível, louco e dilacerante
tua luz me invade,
doce Marques de Sade, surgido deste abismo
me desvendas, me
revelas, me penetras, pelo teu psiquismo
termina a senda desta
dor em fenda que arde e me afasta
nada mais me afasta,
nem me arrasta, ou deixa-me casta
YYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYY
AMOR PRÓPRIO PARTIDO
aceito-te, mesmo
pouco e rarefeito
um amor que poderia
ser perfeito
desfaz-se, cresce a
cruz, perco o dia
mas insistes,
persistes em minha cama
és-me triste, perdido
tu, em tua fama
me amas? ou só tu,
ainda em chamas?
RRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRR
BOM DIA!
olhos de manhã de sol
de verão
meus olhos de noite
se ofuscam
com o teu brilho no
esplendor matutino
de teu espetáculo de
luz e som
és meu palco de pele
onde danço
e sou a mulher de
olhos de noite
com cabelos soltos de
açoite
apaixonada pelo homem
de sol
num encontro proibido
por leis físicas,
tísicas e universais,
onde um existe, o
outro não mais...
AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA
“NEURO-POEMA” DE AMOR
queria girar em teus
giros
povoados de papiros
secretos
abstratos e concretos
do teu intelecto
inquieto
passear por teu
encéfalo que me espanta
absorve-me e encanta
a cada contato
abstrato
que tenho contigo
queria ser imagem
nua, crua (e só tua)
povoando seu sistema
límbico
queria ser o químico
mediador
que estimula o teu
hipocampo
preencher-te de
encanto
modulando qualquer
dor
quem sabe assim,
descubra no fim
uma via, um caminho,
uma mão
um giro, uma
circunvolução
onde possa tatuar com
amor
meu nome em teu
coração
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