A palavra estampa
A palavra estampa nos muros a cara da cidade
Palavra pichada nos dizeres incongruentes de sinais
A palavra reduz todo e qualquer
sentimento a nada
Lanceta o sangue de suas letras
manchando a parede
Altera a paisagem disforme no sentido
de porrada
Vela peles nuas nos escombros dos
gritos e punhais
Redistribui o disforme em forma
escalada
A palavra delira devaneios nos bares e
esquinas
Exorciza egos luzidios em brancos e podres umbigos
Sangra o momento em doses suaves e
pequenas
Traduz paixões iludidas nos abraços
amigos
A palavra se infiltra e constrói
devassos sentidos
Materializa isto e aquilo num plasmar
perdido
Planeja o caminho nos bares excêntricos
e vadios
Alterando as porções do sexo nas peles
assassinas
A palavra estampa a faca assassina
Livra os fracos solitários
De sua sina Severina
pastorelli
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