domingo, 26 de novembro de 2017

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JOGO de CORES (I)



Sorria cores, misture olhares e descubra o poder dos quarenta ao explorar as sensações das cores na literatura. Segundo Solha, “Há carisma, essa força estranha, também na presença da / Arte...”
Há quarenta maneiras de criar contrastes para deixar os tons da vida aparentes, pois, é impossível transformar o mundo sem acreditar que cores constantes tendem a deixar o efeito mais evidente.
W.J.Solha com tonalidade e talento, no livro Deus e os Outros Quarenta Problemas, pincela a vida com cores em retrospectiva e produz definições coloridas para refletirmos entre memória e ficção.

“A paixão pelo canário de Cesário Verde é psicótica, como a / que tem pelo azulão Mallarmé e pelo galo-de-campina / Dante, que canta numa gaiola / gótica...”

Certamente, o livro de Solha é arte investigatória na forma mais elevada e, ainda, central na “aventura humana” compartilhada, porque Deus e beleza ainda importam como a cor extra na vida.
Solha, com a poesia, recria o universo subjetivo do divino, para ousar no tempo que faz transparecer quarenta problemas, que dispomos hoje, como opções que equilibram as proporções emocionais nos tons do viver.

“Que fazer dos problemas de Demóstenes, de dicção; / dos de Beethoven, de audição? / e dos de Guignard - que tinha lábios leporinos -, e dos de / Sivuca e Hermeto Paschoal, / albinos?...// Miró, / à falta de controle motor (que o torna incapaz, veja só, de / nos laços do sapato dar nós), / deve o tranquilo primor do taquigráfico estilo...”

Solha retrata em sua obra que o jogo de cores na literatura é revelar e renovar a veracidade de gestos e expressões, enquanto, nós leitores, fazemos as vozes no esfumaçar as sombras.

“O que seria da Paraíba / sem Meninos do Engenho, /... Augusto dos Anjos, //... A Compadecida? //E da Bahia / o seria / sem Gabriela, Tieta e Dona Flor...? // E que terra seria a Inglaterra, sem Austen, Hamlet...? // Da Itália, o que seria, sem O Príncipe, A Divina Comédia...? // O que seria da França... sem Os Três Mosqueteiros... além de Sartre... Prost... Voltaire? //O que seria da Argentina sem Cortázar nem Borges? // E da Colômbia, sem Gabriel Garcia Marquez no alforje? E da América, o que seria sem Moby Dick...? // Pobre da Espanha sem Lorca... // Não há Rússia sem Dostoiévsky... // E o português não ressoa... sem Os Sertões e Os Lusíadas... Fernando Pessoa...”

O autor cria o impacto e o destaca na solução do problema contra o tempo, em versões capazes de aumentar as cores da vida e, até, deixar a natureza embaçada ao questionar quarenta problemas em cores impactantes, que se espalham na vida, ao refletirmos os problemas como movimentos de vai e vem, no dia a dia, até que os tons sejam mesclados em dégradé para chegarmos ao iluminador.

“O angélico Mario / Quintana / brilha / quando diz que o relógio de parede
de sua casa já lhe co / mera três gerações da família...”

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