quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

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BECO


O vocábulo beco significa rua estreita e curta, esquina, sem saída. Às vezes, nos encontramos com ironias e metáforas, que usamos para explicar situações da vida; então, expressamos: estamos num beco, sem saída... Manuel Bandeira escreveu, “O que importa a paisagem / a glória, a baía, a linha do horizonte? / - o que vejo é o beco”.
Aprendemos como é fundamental concretizar nossos sonhos, acreditar que podemos esculpir nossas vidas. Então, pergunto: beco significa o fim de tudo? Não, porque a passagem finda, mas o que construímos reflete o nosso viver ao revelar o que fica marcado e permanece como fonte da razão. O importante é descobrir qual o nosso beco, mesmo sem saída, para recriar a emoção do encontro naqueles que vivem a verdade. Manuel Bandeira revela na Primeira Canção do Beco, “... estraçalhado de desejos / Divago como cães danados / A horas mortas, por becos sórdidos!...”
Posso dizer que encontramos em nós o beco, sem destruir os artifícios da felicidade, que disfarça o nosso existir; pois, o tempo vai e vem no refazer a magia espalhada no ar como real fantasia. Segundo Gilberto Mendonça Teles, “Ninguém entende ou resolve / a minha angústia de poesia: / ela atravessa o 8 e o 9 / mas por um túnel sem saída...” Muitas vezes, caminhamos em direção ao beco quando nosso lamento sufoca o pensamento, sentimento que insiste na decisão: caminhar por qual rua? Somente o confronto com os nossos passos é que nos faz rumar para a saída do beco. Podemos até não alcançar a saída, mas, estamos decididos a ir em frente, com a finalidade de encontrar soluções para nossas reflexões. Por entre becos descobrimos o verdadeiro amor em cada palavra expressada no significado do prazer e satisfação, por acreditarmos ser o mundo feito pelo trabalho de todos, onde a ambição está relacionada, apenas, com nossas necessidades. Manuel Bandeira, na Última Canção do Beco, reflete, “Beco que cantei num dístico / ...Beco das minhas tristezas, / das minhas perplexidades / (mas também dos meus amores, / Dos meus beijos, dos meus sonhos), / Adeus para nunca mais...”
Uma palavra responde por que guardamos segredo, quando há o medo de nos encontrarmos sem saída; isto é, sem memória para contar a história do amor que não foi inglório. Entretanto, a desigualdade pelos becos faz com que a indignação se despeça da realidade ao nos aproximarmos da falsidade e, mesmo assim, insistirmos em construir sorrisos em novos horizontes. Flávia arruda expressa, “Somente andarilhando... pelas vielas da vida é que encontraremos os atalhos que amenizam os tropeços da caminhada”.
Talvez, sem espanto, a felicidade seja a introspecção de nos fazer crescer interiormente; que simbolize novos tempos de nos incorporarmos em igualdade, onde o convívio com a diversidade é capaz de nos transformar em personagens que caminham pelos becos no ver nossos rostos refletidos pelo Sol, mesmo desmaiado e, por alguns instantes, darmo-nos conta de que não estamos sozinhos com os sentimentos e o coração vazio. Então, abrimos portas, fechamos negócios, lemos poesia, importamo-nos com a literatura como cultura, e decidimos que é hora de abrir a mente a novo entendimento da palavra beco, como retratado na Revista Beco, que transmite reflexões e emoções sobre a vida, na realização de Aline e Giuseppe.
A Revista Beco revela em cada expressão e pensamentos o modo de ver o mundo: pessoas, ilusões e desilusões; desejos, alegrias e experiências na dimensão da realidade no tempo presente, ao interpretar o cotidiano com o Beco, com saída.

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