Quieto, não digo nada.
É da minha natureza observar.
Eu tenho presas e garras afiadas. Eu uso bigodes. Eu
tenho um rabo como aquele do demônio.
Mas eu não sou.
Quieto, eu me banho ao sol da manhã.
À noite, sobre o muro, eu observo as estrelas.
Em cada uma delas, o brilho de uma vida.
Vejo na lua o reflexo do sol.
Quieto, eu observo a natureza.
Caminho por entre os arbustos. Eu sinto a brisa.
E o que eu vejo é reflexo de mim mesmo.
Se você mora no meio do quarteirão, eu estarei, simultaneamente,
refestelado em ambas as esquinas.
Aguardando, ansioso, que você me atropele com o seu
carro, enquanto dirige rápido, desapercebida.
Enquanto isso eu me banho, lambendo os meus pelos.
É que eu preciso morrer sete vezes para cumprir o meu
carma.
E me tornar um bicho melhor.
Mas se você me vê, como eu realmente sou, e me dá
carinho; irei retribuir em dobro.
Caminharei com as minhas patas macias sobre a sua
barriga.
Seja o primeiro a comentar:
Postar um comentário