A arte de pensar. A arte de não
pensar em nada, desperta a calma. Desperta o silêncio.
A arte de ler uma obra leva o
pensamento ao coração. Deixa a imaginação ir e vir espontaneamente. Entregar-se
de corpo e alma ao texto faz sentir o prazer tomar conta de nós. Concentrar-se
é manter a expressão, sonhar o melhor, despertar.
A arte de escrever, fazer
literatura, leva-nos a pensar sobre as “estrelas” das letras, que nos embalam
no tempo. Respire fundo. Sinta a diferença: alguns literatos que nos provocam
sensação de bem estar...
Castro Alves aos vinte e três anos
escreveu O Navio Negreiro. O texto é
marco do romantismo brasileiro. O mais célebre poema sobre a abolição. Foi o
principal nome do período. Morreu aos vinte e quatro anos.
Raquel de Queiroz aos dezenove anos
publicou O Quinze. O livro é uma das
principais obras da literatura regionalista do Brasil.
Álvares de Azevedo morreu aos vinte
e um anos e deixou centenas de páginas de poesia e prosa, que estão entre as
mais importantes do romantismo.
Ferreira Gullar aos vinte e quatro
anos publicou A Luta Corporal; com
esse livro o poeta começou a busca da linguagem que desembocaria no
concretismo.
José Saramago teve editado o seu
primeiro romance importante aos cinquenta e quatro anos.
Essas artes reproduzem a cultura
instalada e criada pelas “estrelas” das letras, e mantém certo poder de
encantamento. Conforme Antônio Cândido, “A
literatura é uma atividade sem sossego.”
Na arte da leitura encontramos, detalhadamente
em seus livros, a produção de cada um deles que, por sua vez, influenciam e
mapeiam a atual literatura, demonstrando vocação e paixão pela arte.
Tem coisas que não mudam; a paixão
pela arte é uma delas; sinônimo de sentimento porque é como estar junto de quem
nos faz bem. É estar na companhia de escritores e músicos. Sem sobressalto,
curtimos os sons e as palavras, como nas sinfonias de Beethoven e, na literatura, a
Sinfonia de Cores, de Helena Kolody ou na Sinfonia de Cores, de Fernando
Andrade.
Essas referências ampliam o nosso
horizonte e nos levam a confrontar gostos e opiniões; sair da rotina e
experimentar outras sensações; aprendizados, que nos encorajam e ajudam abrir nossas
mentes e as tornar criativa. Como em Luiz Felipe Loureiro Comparato, talentoso roteirista
que, entre tantas produções, em 1983, escreveu o livro Roteiro, que o projetou culturalmente
em muitos países. Seu livro é obra única no gênero. Foi editado em vários
países da América Latina, na Espanha, na Itália e em Portugal.
Sempre um produto de suporte às minisséries,
escrito devido à experiência que o autor teve na área: Lampião e Maria Bonita,
Malu Mulher, Plantão de Polícia, Carga Pesada e O Tempo e o Vento.
Para Comparato, no Brasil, não só
para sobreviver, mas, para manter o padrão de vida é necessário trabalhar
quatro ou cinco vezes além da sua capacidade. No exterior é diferente, as
pessoas se envolvem durante quatro meses com um roteiro e, nos outros oito
meses, estuda, lê e recompõe suas forças para o próximo trabalho.
A primeira produção de Comparato no
exterior foi em parceria com Gabriel Garcia Marquez, com o original do escritor
colombiano, “Alugam-se Sonhos”. Também, trabalhou no roteiro de “O Homem que
Descobriu o Paraíso”, programa especial para a televisão soviética sobre a
expedição de Langsdorff ao Brasil.
Comparato diz, “Gosto mais de escrever para o teatro. O desafio é maior. Você tem o
desafio do espaço e o desafio do tempo. Você pode delirar...”
Essa sabedoria é intensa, quando na
arte vivemos a intensidade de como ele mexe com o nosso olhar e pensamento e,
ainda, sobre o efeito, sobre nós, da sua vocação e paixão pela cultura.
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