Você já se deu conta de quanto o
passado é importante e que sem ele não haverá futuro? As lembranças dos
momentos, os livros, filmes e canções, as ruas, as obras de arte e as viagens,
entre tantos, representam a força da história do ser humano e do seu
pensamento.
Relembrar não é pecado, nem proibido,
ao contrário, é prazeroso. Talvez, a liberdade total, embora difícil para
algumas pessoas que, ao lembrarem o passado, enxergam nas mudanças presentes algo
negativo para o futuro. Como demonstrado no livro “15 Dias Que Abalaram Passo Fundo”, do jornalista e escritor
Ivaldino Tasca, “... Os acontecimentos
locais foram expressão de uma comunidade que tinha exata consciência da
gravidade da crise que atingiu a Nação e a consciência clara da postura que os
fatos exigiam”.
A
curiosidade pelo eco do passado é o que me leva a envolver com a vida atual. Repito,
sem passado não há presente, nem futuro. Sem lembranças não há história a ser
contada, nem som que possa ecoar.
Com carinho, cito passagem sobre a
história de Passo Fundo, no poema de Pedro Du Bois, que traz a imagem da nevasca
no ano de 1965 que, com saudades, poetiza, “Agosto
de 1965 / Lembro tudo / o que
aconteceu naquele dia; /... Lembro-me da neve caindo forte / branqueando ruas,
carros, os bancos da praça. // O frio intenso. // Lembro-me da suspensão das
aulas / das atividades diárias. //... Bonecos, / guerra de bolas, / bola
rolando rua abaixo, / chuva congelando a neve. / O frio congelando todos nós”. O
texto ecoa o passado traduzido no sentimento de lembrança como sua verdade.
Nada me desestabiliza mais do que
sentir saudades do tempo vivido, principalmente, quando questionada a vida
pessoal, os amores e os amigos. Pedro Du Bois revela a amorosa amizade - “almas
gêmeas” - com Gilberto de Oliveira Borges, o inesquecível Gigi, como era
conhecido: “Passo Fundo / silencia / suas
novas chuvas // aquelas que não aconteceram / no último dia de agosto / do ano
de 2002 // tivesse chovido / naquele dia / seu coração cansado e obstruído /
ainda estaria entre nós // revestido como sempre / do corpo do amigo...”.
Gigi sempre teve a preocupação de
inovar, sem esquecer ou silenciar nos ecos do passado o seu amor por Passo
Fundo. Hoje, ele se transformou no ecoar do passado, lembrado, entre tantas
ações, pela sua única obra literária de ficção, escrita aos 17 anos de idade, “Uma Terra a Procura do Céu”, romance em
que descreve a tradição gaúcha e a vida nos pampas, com suas mazelas
econômico-sociais.
Quando deixamos ecoar o passado, aceitamos
a responsabilidade para buscar e identificar as ações futuras que, de alguma maneira,
nos fará reviver os fatos no reestruturar e influenciar a nossa caminhada. Curioso
é que sempre estamos em renovação que nos permite, através do passado, perceber
o mundo atual.
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