Uma pinta vermelha, saliente, começou a aparecer na testa
de um homem de quarenta e poucos anos. A esposa foi a primeira que percebeu,
depois os amigos, o pessoal do trabalho... Aquela pinta vermelha só ia
aumentando. Então Flávio, Flávio era o nome dele, procurou por um
dermatologista. O Doutor a observou cuidadosamente, analisou com uma lupa,
tocou com uma espécie de palito de sorvete, tocou aquela espécie de verruga
vermelha. Daí se sentou, folheou um volumoso volume por um bom tempo, sem nada
dizer... Finalmente suspirou fundo, sério, e finalmente disse ao paciente: Você
gosta de ler? Ao que Flávio respondeu: sim, eu gosto. Então, Flávio, você lê,
mas lê muito! Só isso Doutor? É Só. Obrigado. Por nada. Então Flávio iniciou o
seu tratamento, passou a ler mais e aquilo lhe fez bem, tinha mais assunto com
a mulher, com os amigos do bar... mas a pinta, ao invés de regredir, apenas
aumentava na testa do rapaz. Aquela pinta vermelha já tinha uns quatro
centímetros de diâmetro. Aquilo passou a incomodar muito Flávio, porque a
qualquer lugar que fosse, reparavam na maldita pinta. Flávio, revoltado
retornou ao mesmo médico e disse: Pois é doutor, tenho lido duas horas todas as
noites, como o Doutor me recomendou, mas a pinta só aumenta. Ao que o Doutor respondeu:
Flávio, lê muito, mas lê muito! Flávio mandou o dermatologista à puta que o
pariu e procurou o melhor especialista de São Paulo. Chegando, lá, o Doutor,
mais experiente (e também a pinta, bem mais desenvolvida) nem precisou analisar
em maior detalhe. Ele retirou um livro específico de sua volumosa estante,
folheou, folheou, então disse ao paciente: Senhor Flávio, o Senhor gosta de
ler? Sim, eu gosto. Então, Flávio, você lê, você lê, mas lê muito! Flávio ficou
intrigado com aquilo. Agradeceu, despediu-se e passou a se dedicar a três horas
diárias de leitura! Uma semana depois, ele só saia de casa de boné, porque a
pinta, vermelha, circular, bem no meio da testa passou a crescer para fora,
como uma repugnante verruga. Flávio retornou a São Paulo duas semanas após a
primeira consulta. O Doutor mal o recebeu e disse: Hum... Flávio, Você lê, mas
Você lê muito, lê muito mesmo! Mas porque isso Doutor? Eu só faço ler, e nada
desta pinta regredir. O outro médico me disse a mesma coisa, "lê
muito", a cada dia eu leio mais e isso de nada me adianta. Então o Doutor
posou a mão direita sobre o ombro de Flávio e lhe disse: Mas Flávio, Você gosta
de ler? Sim, Doutor eu gosto... (O Doutor lhe interrompeu), pois então, Flávio,
Você deve ler muito, mas muito mesmo. Por que Doutor? É grave? O que é afinal
essa maldita pinta? Lamento informar, Flávio, (o Doutor suspirou) mas o caso é
grave, (o Doutor suspirou novamente), na verdade é incurável e não é uma pinta,
Flávio. Não, o que é então, Doutor? Trata-se de um pênis, Flávio, um pinto está
crescendo na sua testa! Flávio ficou chocado, saiu de lá desnorteado, só se
lembrava das últimas palavras do especialista: "Flávio, você lê, mas você
lê muito, o máximo que puder". O Doutor havia lhe dado também um atestado médico
de uma semana, de forma que Flávio já não trabalhava mais, pouco saia de casa
com aquele pinto crescendo bem no meio da testa e lia vorazmente, agora dia e
noite, em meio a orações e outros trabalhos de mandinga encomendados pela
mulher. Então, finalmente, Flávio se decidiu, marcou uma consulta em Boston,
com o maior especialista mundial no assunto, comprou caras passagens de avião,
praticamente torrou todas as suas economias. Ele fez toda a viagem se sentindo
extremamente desconfortável, com uma espécie de touca ou boina, já delineando
claramente o volume na testa do rapaz, e o que é ainda pior, haviam pelos.
Todos reparavam nele. Chegando ao consultório, assim que o médico abriu a
porta, exclamou: Oh-My-God! That's the big-gest o-ne I ha-ve e-ver se-en! Mr
Flávio, can I take some pictures for academical purposes? (vamos prosseguir em
português para valorizar o Brazilian dick...) Sim, Você pode, respondeu Flávio,
desolado, já tirando a touca / boina / sunga da testa... O Doutor só examinou
de longe. Disse a Flávio que, infelizmente, tratava-se de uma doença rara,
proporcionalmente grave e incurável. Flávio ainda levantou a seguinte hipótese:
Doutor, será que não poderíamos, eventualmente, castrá-lo? Infelizmente não.
Isso já foi tentado... Só faria o neo-pênis crescer ainda mais rápido. Posso
lhe dar um conselho, meu bom homem? (O Doutor, de pé, com as mãos sobrepostas,
na altura do ventre, a cabeça baixa) O senhor gosta de ler? What a Fuck...
(Flávio perdeu a cabeça, depois se recompôs) Doutor eu já li, eu já li, eu já li
pra caralho! Até a Odisseia de Homero eu já li, eu não aguento mais... Eu só
quero saber qual a razão de eu ter de ler tanto se a doença é incurável?
Yessss, My Good Man, that's a good question! É porque quando as bolas crescerem
cobrirão os seus olhos.
– Adaptação de piada infame do repertório de Eduardo
Jardim Raad, meu Amigo e ex-colega de Embraer
1 Comentário
muito Bom
Postar um comentário