A
vida é fragmentada em capítulos diários de continuadas emoções em cada fase e
ato. Vivemos as fases de acordo com a idade e as convicções, em que achamos
razões para tudo. Avanços se projetam no futuro, que poderá ser promissor ou
não. A dúvida permanece na reflexão quando envelhecemos de fato.
Ao
seguirmos a idade em suas fases, encontramos o capítulo da velhice como
resultado de conquistas, ainda, em construção, onde aprendemos a conviver com
dignidade, alegria e respeito. Nas palavras de Ivaldino Tasca, “Bondade e coração aberto facilitam a
convivência até com o que não compreendemos... Aceitar que os outros sejam
diferentes e que as coisas acontecem sem que as compreendamos é sinal de
sabedoria”.
Escutamos
o grito fechando portas quando a vida é encerrada com a ironia: ele envelheceu! A dura realidade falando
em voz alta, ao convivermos com as pessoas que pensam a velhice atrapalhando a
vida como hora suspensa. Para João Guimarães Rosa, “Velho é, o que está em si desencaminhado. O velho valeu enquanto foi
novo”.
Há
os que se referem à velhice como caos social; são os mesmos que mentem o caos
como solução. Até ignoram a aplicação dos direitos e negam respeito e carinho
aos velhos. Com certeza, os idosos não dependem de acertos, mas, sim, da
compreensão da sociedade. Agostinho Both
em seus livros: Conversas de Velho e Contos do Envelhecer, mostra as
vicissitudes da vida fragmentada no envelhecer.
A
margem do envelhecer é o tempo que não passa sem reabrir as dores da jornada, no
alicerçar significados em espaços em branco, por deixar no mundo marcas reveladas
em discursos e sentimentos, riscos e rabiscos. Reflete chances reduzidas em
desequilíbrios, onde a esperança cruza anônima nas respostas que levam ao desatino
do último verso. Gabriel Garcia Marquez, expressa: “Tinha chegado à velhice com todas as suas saudades vivas. Quando
escutava as valsas Pietro Crespi senti a mesma vontade de chorar que tivera na
adolescência, como se o tempo e as punições não tivessem servido para nada”.
O mundo do envelhecimento é lugar
onde encontramos significados. Como envelhecer se ainda acreditamos no amor? E
ainda vemos imagens acrescidas de novas composições? Dizemos que, com menos, o
mais transborda na verdade retratada das sensações e da perspectiva nas escolhas
de cada um.
A
vida fragmentada é o limite que revela os pensamentos e, assim, produzimos
impulsos do que e de quem escolhemos e gostamos ao julgar sermos capazes de dar
mais vida aos nossos fragmentos diários. Como Telmo M. D. Gosch retrata, “Velho //... Rosto vincado, enrugado, / Com
jeitinho vacilante.. / Logo fui consagrado / Tornei-me um navegante, / O tempo...
Compassado, / Envelhece meu semblante. //... Sou folha velha-puída / A água se
acalmou, / Mudei a visão de vida / Meu ser se pacificou / Navego em lago
sereno, / Pra mocidade eu aceno / Sou velho, sigo na lida, / Sou velho,
sinto-me pleno. // ... Aceitando o envelhecer / O meu corpo é bem cuidado / Meu
cérebro bem azeitado. // Um velho independente / Preserva a liberdade //... Lê
tudo, não é uma ilha, / É moderno sem problema / Persegue a felicidade, / Adora
praia e cinema. // Não tenhamos ansiedade, / Quem sabe tem o poder, / Aceitamos
a idade / Em cada alvorecer...”
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